quarta-feira, 25 de novembro de 2015

LITERATURA


 
A importância da leitura infantil para o desenvolvimento da criança
Fonte:http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-importancia-literatura-infantil-para-desenvolvimento.htm
Por: Eline
“O desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que principia no lar, aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora.”
Bamberger
Resumo
Reconhecer a importância da literatura infantil e incentivar a formação do hábito de leitura na idade em que todos os hábitos se formam, isto é, na infância, é o que este artigo vem propor. Neste sentido, a literatura infantil é um caminho que leva a criança a desenvolver a imaginação, emoções e sentimentos de forma prazerosa e significativa. O presente estudo inicia com um breve histórico da literatura infantil, apresenta conceitos de linguagem e leitura, enfoca a importância de ouvir histórias e do contato da criança desde cedo com o livro e finalmente esboça algumas estratégias para desenvolver o hábito de ler.
Palavras-chave: Educação, Literatura Infantil, Leitura, Desenvolvimento da criança.
Introdução
O estudo realizado tem por objetivo, verificar a contribuição da literatura infantil no desenvolvimento social, emocional e cognitivo da criança. Ao longo dos anos, a educação preocupa-se em contribuir para a formação de um indivíduo crítico, responsável e atuante na sociedade. Isso porque se vive em uma sociedade onde as trocas sociais acontecem rapidamente, seja através da leitura, da escrita, da linguagem oral ou visual.
Diante disso, a escola busca conhecer e desenvolver na criança as competências da leitura e da escrita e como a literatura infantil pode influenciar de maneira positiva neste processo. Assim, Bakhtin (1992) expressa sobre a literatura infantil abordando que por ser um instrumento motivador e desafiador, ela é capaz de transformar o indivíduo em um sujeito ativo, responsável pela sua aprendizagem , que sabe compreender o contexto em que vive e modificá-lo de acordo com a sua necessidade.
Esta pesquisa visa a enfocar toda a importância que a literatura infantil possui, ou seja, que ela é fundamental para a aquisição de conhecimentos, recreação, informação e interação necessários ao ato de ler. De acordo com as idéias acima, percebe-se a necessidade da aplicação coerente de atividades que despertem o prazer de ler, e estas devem estar presentes diariamente na vida das crianças, desde bebês. Conforme Silva (1992, p.57) “bons livros poderão ser presentes e grandes fontes de prazer e conhecimento. Descobrir estes sentimentos desde bebezinhos, poderá ser uma excelente conquista para toda a vida.”
Apesar da grande importância que a literatura exerce na vida da criança, seja no desenvolvimento emocional ou na capacidade de expressar melhor suas idéias, em geral, de acordo com Machado (2001), elas não gostam de ler e fazem-no por obrigação. Mas afinal, por que isso acontece? Talvez seja pela falta de exemplo dos pais ou dos professores, talvez não.
O que se percebe é que a literatura, bem como toda a cultura criadora e questionadora, não está sendo explorada como deve nas escolas e isto ocorre em grande parte, pela pouca informação dos professores. A formação acadêmica, infelizmente não dá ênfase à leitura e esta é uma situação contraditória, pois segundo comentário de Machado (2001, p.45) “não se contrata um instrutor de natação que não sabe nadar, no entanto, as salas de aula brasileira estão repletas de pessoas que apesar de não ler, tentam ensinar”.
Existem dois fatores que contribuem para que a criança desperte o gosto pela leitura: curiosidade e exemplo. Neste sentido, o livro deveria ter a importância de uma televisão dentro do lar. Os pais deveriam ler mais para os filhos e para si próprios. No entanto, de acordo com a UNESCO (2005) somente 14% da população tem o hábito de ler, portanto, pode-se afirmar que a sociedade brasileira não é leitora. Nesta perspectiva, cabe a escola desenvolver na criança o hábito de ler por prazer, não por obrigação.
Contextualizando Literatura Infantil
Os primeiros livros direcionados ao público infantil, surgiram no século XVIII. Autores como La Fontaine e Charles Perrault escreviam suas obras, enfocando principalmente os contos de fadas. De lá pra cá, a literatura infantil foi ocupando seu espaço e apresentando sua relevância. Com isto, muitos autores foram surgindo, como Hans Christian Andersen, os irmãos Grimm e Monteiro Lobato, imortalizados pela grandiosidade de suas obras. Nesta época, a literatura infantil era tida como mercadoria, principalmente para a sociedade aristocrática. Com o passar do tempo, a sociedade cresceu e modernizou-se por meio da industrialização, expandindo assim, a produção de livros.
A partir daí os laços entre a escola e literatura começam a se estreitar, pois para adquirir livros era preciso que as crianças dominassem a língua escrita e cabia a escola desenvolver esta capacidade. De acordo com Lajolo &Zilbermann, “a escola passa a habilitar as crianças para o consumo das obras impressas, servindo como intermediária entre a criança e a sociedade de consumo”. (2002, p.25)
Assim, surge outro enfoque relevante para a literatura infantil, que se tratava na verdade de uma literatura produzida para adultos e aproveitada para a criança. Seu aspecto didático-pedagógico de grande importância baseava-se numa linha moralista, paternalista, centrada numa representação de poder. Era, portanto, uma literatura para estimular a obediência, segundo a igreja, o governo ou ao senhor. Uma literatura intencional, cujas histórias acabavam sempre premiando o bom e castigando o que é considerado mau. Segue à risca os preceitos religiosos e considera a criança um ser a se moldar de acordo com o desejo dos que a educam, podando-lhe aptidões e expectativas.
Até as duas primeiras décadas do século XX, as obras didáticas produzidas para a infância, apresentavam um caráter ético-didático, ou seja, o livro tinha a finalidade única de educar, apresentar modelos, moldar a criança de acordo com as expectativas dos adultos. A obra dificilmente tinha o objetivo de tornar a leitura como fonte de prazer, retratando a aventura pela aventura. Havia poucas histórias que falavam da vida de forma lúdica, ou que faziam pequenas viagens em torno do cotidiano, ou a afirmação da amizade centrada no companheirismo, no amigo da vizinhança, da escola, da vida.
Essa visão de mundo maniqueísta, calçada no interesse do sistema, passa a ser substituída por volta dos anos 70 e a literatura infantil passa por uma revalorização, contribuída em grande parte pelas obras de Monteiro Lobato, no que se refere ao Brasil. Ela então, se ramifica por todos os caminhos da atividade humana, valorizando a aventura, o cotidiano, a família, a escola, o esporte, as brincadeiras, as minorias raciais, penetrando até no campo da política e suas implicações.
Hoje a dimensão de literatura infantil é muito mais ampla e importante. Ela proporciona à criança um desenvolvimento emocional, social e cognitivo indiscutíveis. Segundo Abramovich (1997) quando as crianças ouvem histórias, passam a visualizar de forma mais clara, sentimentos que têm em relação ao mundo. As histórias trabalham problemas existenciais típicos da infância, como medos, sentimentos de inveja e de carinho, curiosidade, dor, perda, além de ensinarem infinitos assuntos.
É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica...É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula (ABRAMOVICH, 1997, p.17)
Neste sentido, quanto mais cedo a criança tiver contato com os livros e perceber o prazer que a leitura produz, maior será a probabilidade dela tornar-se um adulto leitor. Da mesma forma através da leitura a criança adquire uma postura crítico-reflexiva,extremamente relevante à sua formação cognitiva.
Quando a criança ouve ou lê uma história e é capaz de comentar, indagar, duvidar ou discutir sobre ela, realiza uma interação verbal, que neste caso, vem ao encontro das noções de linguagem de Bakhtin (1992). Para ele, o confrontamento de idéias, de pensamentos em relação aos textos, tem sempre um caráter coletivo, social.
O conhecimento é adquirido na interlocução, o qual evolui por meio do confronto, da contrariedade. Assim, a linguagem segundo Bakthin (1992) é constitutiva, isto é, o sujeito constrói o seu pensamento, a partir do pensamento do outro, portanto, uma linguagem dialógica.
A vida é dialógica por natureza. Viver significa participar de um diálogo: interrogar, escutar, responder, concordar, etc. Neste diálogo, o homem participa todo e com toda a sua vida: com os olhos, os lábios, as mãos, a alma, o espírito, com o corpo todo, com as suas ações. Ele se põe todo na palavra e esta palavra entra no tecido dialógico da existência humana, no simpósio universal. (BAKHTIN, 1992, p112)
E é partindo desta visão da interação social e do diálogo, que se pretende compreender a relevância da literatura infantil, que segundo afirma Coelho (2001, p.17), “é um fenômeno de linguagem resultante de uma experiência existencial, social e cultural.”
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto. Segundo Coelho (2002) a leitura, no sentido de compreensão do mundo é condição básica do ser humano.
A compreensão e sentido daquilo que o cerca inicia-se quando bebê, nos primeiros contatos com o mundo. Os sons, os odores, o toque, o paladar, de acordo com Martins (1994) são os primeiros passos para aprender a ler.Ler, no entanto é uma atividade que implica não somente a decodificação de símbolos, ela envolve uma série de estratégias que permite o indivíduo compreender o que lê. Neste sentido, relata os PCN’s (2001, p.54.):
Um leitor competente é alguém que, por iniciativa própria, é capaz de selecionar, dentre os trechos que circulam socialmente, aqueles que podem atender a uma necessidade sua. Que consegue utilizar estratégias de leitura adequada para abordá-los de forma a atender a essa necessidade.
Assim, pode-se observar que a capacidade para aprender está ligada ao contexto pessoal do indivíduo. Desta forma, Lajolo (2002) afirma que cada leitor, entrelaça o significado pessoal de suas leituras de mundo, com os vários significados que ele encontrou ao longo da história de um livro, por exemplo.
O ato de ler então, não representa apenas a decodificação, já que esta não está imediatamente ligada a uma experiência, fantasia ou necessidade do indivíduo. De acordo com os PCN’s (2001) a decodificação é apenas uma, das várias etapas de desenvolvimento da leitura. A compreensão das idéias percebidas, a interpretação e a avaliação são as outras etapas que segundo Bamberguerd (2003, p.23) “fundem-se no ato da leitura”. Desta forma, trabalhar com a diversidade textual, segundo os PCN’s (2001), fazendo com que o indivíduo desenvolva significativamente as etapas de leitura é contribuir para a formação de leitores competentes.
A importância de ouvir histórias
Ouvir histórias é um acontecimento tão prazeroso que desperta o interesse das pessoas em todas as idades. Se os adultos adoram ouvir uma boa história, um “bom causo”, a criança é capaz de se interessar e gostar ainda mais por elas, já que sua capacidade de imaginar é mais intensa.
A narrativa faz parte da vida da criança desde quando bebê, através da voz amada, dos acalantos e das canções de ninar, que mais tarde vão dando lugar às cantigas de roda, a narrativas curtas sobre crianças, animais ou natureza. Aqui, crianças bem pequenas, já demonstram seu interesse pelas histórias, batendo palmas, sorrindo, sentindo medo ou imitando algum personagem. Neste sentido, é fundamental para a formação da criança que ela ouça muitas histórias desde a mais tenra idade.
O primeiro contato da criança com um texto é realizado oralmente, quando o pai, a mãe, os avós ou outra pessoa conta-lhe os mais diversos tipos de histórias. A preferida, nesta fase, é a história da sua vida. A criança adora ouvir como foi que ela nasceu, ou fatos que aconteceram com ela ou com pessoas da sua família. À medida que cresce, já é capaz de escolher a história que quer ouvir, ou a parte da história que mais lhe agrada. É nesta fase, que as histórias vão tornando-se aos poucos mais extensas, mais detalhadas.
A criança passa a interagir com as histórias, acrescenta detalhes, personagens ou lembra de fatos que passaram despercebidos pelo contador. Essas histórias reais são fundamentais para que a criança estabeleça a sua identidade, compreender melhor as relações familiares. Outro fato relevante é o vínculo afetivo que se estabelece entre o contador das histórias e a criança. Contar e ouvir uma história aconchegado a quem se ama é compartilhar uma experiência gostosa, na descoberta do mundo das histórias e dos livros.
Algum tempo depois, as crianças passam a se interessar por histórias inventadas e pelas histórias dos livros, como: contos de fadas ou contos maravilhosos, poemas, ficção, etc. Têm nesta perspectiva, a possibilidade de envolver o real e o imaginário que de acordo com Sandroni& Machado (1998, p.15) afirmam que “os livros aumentam muito o prazer de imaginar coisas. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real”.
É importante contar histórias mesmo para as crianças que já sabem ler, pois segundo Abramovich (1997, p.23) “quando a criança sabe ler é diferente sua relação com as histórias, porém, continua sentindo enorme prazer em ouvi-las”. Quando as crianças maiores ouvem as histórias, aprimoram a sua capacidade de imaginação, já que ouvi-las pode estimular o pensar, o desenhar, o escrever, o criar, o recriar. Num mundo hoje tão cheio de tecnologias, onde as informações estão tão prontas, a criança que não tiver a oportunidade de suscitar seu imaginário, poderá no futuro, ser um indivíduo sem criticidade, pouco criativo, sem sensibilidade para compreender a sua própria realidade.
Portanto, garantir a riqueza da vivência narrativa desde os primeiros anos de vida da criança contribui para o desenvolvimento do seu pensamento lógico e também de sua imaginação,que segundo Vigotsky (1992, p.128) caminham juntos: “a imaginação é um momento totalmente necessário, inseparável do pensamento realista.”. Neste sentido, o autor enfoca que na imaginação a direção da consciência tende a se afastar da realidade. Esse distanciamento da realidade através de uma história por exemplo, é essencial para uma penetração mais profunda na própria realidade: “afastamento do aspecto externo aparente da realidade dada imediatamente na percepção primária possibilita processos cada vez mais complexos, com a ajuda dos quais a cognição da realidade se complica e se enriquece. (VIGOTSKY, 1992, p.129) ”.
O contato da criança com o livro pode acontecer muito antes do que os adultos imaginam. Muitos pais acreditam que a criança que não sabe ler não se interessa por livros, portanto não precisa ter contato com eles. O que se percebe é bem ao contrário. Segundo Sandroni& Machado (2000, p.12) “a criança percebe desde muito cedo, que livro é uma coisa boa, que dá prazer”. As crianças bem pequenas interessam-se pelas cores, formas e figuras que os livros possuem e que mais tarde, darão significados a elas, identificando-as e nomeando-as.
É importante que o livro seja tocado pela criança, folheado, de forma que ela tenha um contato mais íntimo com o objeto do seu interesse.A partir daí, ela começa a gostar dos livros, percebe que eles fazem parte de um mundo fascinante, onde a fantasia apresenta-se por meio de palavras e desenhos. De acordo com Sandroni& Machado (1998, p.16) “o amor pelos livros não é coisa que apareça de repente”. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles podem oferecer. Assim, pais e professores têm um papel fundamental nesta descoberta: serem estimuladores e incentivadores da leitura.
A literatura e os estágios psicológicos da criança
Durante o seu desenvolvimento, a criança passa por estágios psicológicos que precisam ser observados e respeitados no momento da escola de livros para ela. Essas etapas não dependem exclusivamente de sua idade, mas de acordo com Coelho (2002) do seu nível de amadurecimento psíquico, afetivo e intelectual e seu nível de conhecimento e domínio do mecanismo da leitura. Neste sentido, é necessária a adequação dos livros às diversas etapas pelas quais a criança normalmente passa. Existem cinco categorias que norteiam as fases do desenvolvimento psicológico da criança: o pré-leitor, o leitor iniciante, o leitor-em-processo, o leitor fluente e o leitor crítico.
O pré-leitor: categoria que abrange duas fases.Primeira infância (dos 15/17 meses aos 3 anos) Nesta fase a criança começa a reconhecer o mundo ao seu redor através do contato afetivo e do tato. Por este motivo ela sente necessidade de pegar ou tocar tudo o que estiver ao seu alcance. Outro momento marcante nesta fase é a aquisição da linguagem, onde a criança passa a nomear tudo a sua volta. A partir da percepção da criança com o meio em que vive, é possível estimulá-la oferecendo-lhe brinquedos, álbuns, chocalhos musicais, entre outros. Assim, ela poderá manuseá-los e nomeá-los e com a ajuda de um adulto poderá relacioná-los propiciando situações simples de leitura.
Segunda infância (a partir dos 2/3 anos) É o início da fase egocêntrica. Está mais adaptada ao meio físico e aumenta sua capacidade e interesse pela comunicação verbal. Como interessa-se também por atividades lúdicas, o “brincar”com o livro será importante e significativo para ela.
Nesta fase, os livros adequados, de acordo com Abramovich (1997) devem apresentar um contexto familiar, com predomínio absoluto da imagem que deve sugerir uma situação. Não se deve apresentar texto escrito, já que é através da nomeação das coisas que a criança estabelecerá uma relação entre a realidade e o mundo dos livros.
Livros que propõem humor, expectativa ou mistério são indicados para o pré-leitor.
A técnica da repetição ou reiteração de elementos são segundo Coelho (2002, p.34) “favoráveis para manter a atenção e o interesse desse difícil leitor a ser conquistado”. O leitor iniciante (a partir dos 6/7 anos) Essa é a fase em que a criança começa a apropriar-se da decodificação dos símbolos gráficos, mas como ainda encontra-se no início do processo, o papel do adulto como “agente estimulador” é fundamental.
Os livros adequados nesta fase devem ter uma linguagem simples com começo, meio e fim. As imagens devem predominar sobre o texto. As personagens podem ser humanas, bichos, robôs, objetos, especificando sempre os traços de comportamento, como bom e mau, forte e fraco, feio e bonito. Histórias engraçadas, ou que o bem vença o mal atraem muito o leitor nesta fase. Indiferentemente de se utilizarem textos como contos de fadas ou do mundo cotidiano, de acordo com Coelho (ibid, p. 35) “eles devem estimular a imaginação, a inteligência, a afetividade, as emoções, o pensar, o querer, o sentir”.
O leitor-em-processo (a partir dos 8/9anos) A criança nesta fase já domina o mecanismo da leitura. Seu pensamento está mais desenvolvido, permitindo-lhe realizar operações mentais. Interessa-se pelo conhecimento de toda a natureza e pelos desafios que lhes são propostos. O leitor desta fase tem grande atração por textos em que haja humor e situações inesperadas ou satíricas. O realismo e o imaginário também agradam a este leitor. Os livros adequados a esta fase devem apresentar imagens e textos, estes, escritos em frases simples, de comunicação direta e objetiva. De acordo com Coelho (2002) deve conter início, meio e fim. O tema deve girar em torno de um conflito que deixará o texto mais emocionante e culminar com a solução do problema.
O leitor fluente (a partir dos 10/11 anos) O leitor fluente está em fase de consolidação dos mecanismos da leitura. Sua capacidade de concentração cresce e ele é capaz de compreender o mundo expresso no livro. Segundo Coelho (2002) é a partir dessa fase que a criança desenvolve o “pensamento hipotético dedutivo” e a capacidade de abstração. Este estágio, chamado de pré-adolescência, promove mudanças significativas no indivíduo. Há um sentimento de poder interior, de ver-se como um ser inteligente, reflexivo, capaz de resolver todos os seus problemas sozinhos. Aqui há uma espécie de retomada do egocentrismo infantil, pois assim como acontece com as crianças nesta fase, o pré-adolescente pode apresentar um certo desequilíbrio com o meio em que vive.
O leitor fluente é atraído por histórias que apresentem valores políticos e éticos, por heróis ou heroínas que lutam por um ideal. Identificam-se com textos que apresentam jovens em busca de espaço no meio em que vivem, seja no grupo, equipe, entre outros.É adequado oferecer a esse tipo de leitor histórias com linguagem mais elaborada. As imagens já não são indispensáveis, porém ainda são um elemento forte de atração. Interessam-se por mitos e lendas, policiais, romances e aventuras. Os gêneros narrativos que mais agradam são os contos, as crônicas e as novelas.
O leitor crítico (a partir dos 12/13 anos) Nesta fase é total o domínio da leitura e da linguagem escrita. Sua capacidade de reflexão aumenta, permitindo-lhe a intertextualização. Desenvolve gradativamente o pensamento reflexivo e a consciência crítica em relação ao mundo. Sentimentos como saber, fazer e poder são elementos que permeiam o adolescente. O convívio do leitor crítico com o texto literário, segundo Coelho (2002, p.40) “deve extrapolar a mera fruição de prazer ou emoção e deve provocá-lo para penetrar no mecanismo da leitura”.
O leitor crítico continua a interessar-se pelos tipos de leitura da fase anterior, porém, é necessário que ele se aproprie dos conceitos básicos da teoria literária. De acordo com Coelho (ibid, p.40) a literatura é considerada a arte da linguagem e como qualquer arte exige uma iniciação. Assim, há certos conhecimentos a respeito da literatura que não podem ser ignorados pelo leitor crítico.
Conclusão
Desenvolver o interesse e o hábito pela leitura é um processo constante, que começa muito cedo, em casa, aperfeiçoa-se na escola e continua pela vida inteira. Existem diversos fatores que influenciam o interesse pela leitura. O primeiro e talvez mais importante é determinado pela “atmosfera literária” que, segundo Bamberguerd (2000, p.71) a criança encontra em casa. A criança que houve histórias desde cedo, que tem contato direto com livros e que seja estimulada, terá um desenvolvimento favorável ao seu vocabulário, bem como a prontidão para a leitura.
De acordo com Bamberguerd (2000) a criança que lê com maior desenvoltura se interessa pela leitura e aprende mais facilmente, neste sentido, a criança interessada em aprender se transforma num leitor capaz. Sendo assim, pode-se dizer que a capacidade de ler está intimamente ligada a motivação. Infelizmente são poucos os pais que se dedicam efetivamente em estimular esta capacidade nos seus filhos. Outro fator que contribui positivamente em relação à leitura é a influência do professor. Nesta perspectiva, cabe ao professor desempenhar um importante papel: o de ensinar a criança a ler e a gostar de ler.
Professores que oferecem pequenas doses diárias de leitura agradável, sem forçar, mas com naturalidade, desenvolverão na criança um hábito que poderá acompanhá-la pela vida afora. Para desenvolver um programa de leitura equilibrado, que integre os conteúdos relacionados ao currículo escolar e ofereça uma certa variedade de livros de literatura como contos, fábulas e poesias, é preciso que o professor observe a idade cronológica da criança e principalmente o estágio de desenvolvimento de leitura em que ela se encontra. De acordo com Sandroni& Machado (1998, p.23) “o equilíbrio de um programa de leitura depende muito mais do bom senso e da habilidade do professor que de uma hipotética e inexistente classe homogênea”.
Assim, as condições necessárias ao desenvolvimento de hábitos positivos de leitura, incluem oportunidades para ler de todas as formas possíveis. Freqüentar livrarias, feiras de livros e bibliotecas são excelentes sugestões para tornar permanente o hábito de leitura.
Num mundo tão cheio de tecnologias em que se vive, onde todas as informações ou notícias, músicas, jogos, filmes, podem ser trocados por e-mails, cd’s e dvd’s o lugar do livro parece ter sido esquecido. Há muitos que pensem que o livro é coisa do passado, que na era da Internet, ele não tem muito sentido. Mas, quem conhece a importância da literatura na vida de uma pessoa, quem sabe o poder que tem uma história bem contada, quem sabe os benefícios que uma simples história pode proporcionar, com certeza haverá de dizer que não há tecnologia no mundo que substitua o prazer de tocar as páginas de um livro e encontrar nelas um mundo repleto de encantamento.
Se o professor acreditar que além de informar, instruir ou ensinar, o livro pode dar prazer, encontrará meios de mostrar isso à criança. E ela vai se interessar por ele, vai querer buscar no livro esta alegria e prazer. Tudo está em ter a chance de conhecer a grande magia que o livro proporciona. Enfim, a literatura infantil é um amplo campo de estudos que exige do professor conhecimento para saber adequar os livros às crianças, gerando um momento propício de prazer e estimulação para a leitura.
Trabalho científico apresentado à Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA, como requisito parcial para a obtenção do Título de graduada em Licenciatura Específica em Português.
ELINE FERNANDES DE CASTRO


A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL PARA O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E AFETIVO DA CRIANÇA



FERREIRA, C.Fernanda1
 
1 Acadêmica do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. ferds.costa@hotmail.com

2 Professor do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. pretto@unifra.br



PRETTO, Valdir2

RESUMO
 
Este artigo é oriundo de pesquisas bibliográficas feitas no decorrer da disciplina Educação e Literatura e da aplicabilidade dos resultados destas pesquisas durante o estágio supervisionado III do curso de pedagogia do Centro Universitário Franciscano - UNIFRA de Santa Maria RS, no qual focou-se o apoio pedagógico. Ao iniciar o estágio ouve uma pesquisa sobre às necessidades da turma com a qual se realizou o estágio, e então priorizou-se a hora do conto para desenvolver a cognição e a afetividade. Foi realizado trabalhos de leitura, reflexão sobre as histórias contadas e trabalhos relacionados com os contos disponibilizados para a turma. Utilizou-se os contos de fadas como base, pois historicamente eles tem a função de preparar às crianças para situações reais da vida. Sabemos que muitos contos viraram obras de literatura infantil, estas foram largamente utilizadas no apoio pedagógico realizado em sala de aula.
 
Palavras-chave: Literatura infantil; Cognição; Afetividade
 
 
1. INTRODUÇÃO
 
Os contos de fadas, em sua tradição oral, surgiram há milhares de anos, como obras de uma sociedade medieval e dando início, de forma mais crua, à literatura. Sua valorização se concretizou há alguns séculos atrás, quando passaram a ser contados às crianças de uma forma lúdica, e neste sentido, os contos de fadas, encantam e cativam até os dias de hoje, de uma maneira fantástica, indiretamente, facilitam a aceitação dos medos, das perdas, a conhecer o amor e o valor de uma amizade.
Quando lemos um conto de fadas tradicional encontramos nele todo enredo de sofrimento e de tragédia pessoal por parte dos personagens. No livro de literatura infantil atual estes fatos ocorrem, porém mais brandos, o quê, segundo autores, os contos de fadas trazem às crianças oportunidades de observação e vivências de certa forma das suas histórias de vida, como relata Bettelheim (1978, pg. 82):
 
Os contos de fadas oferecem figuras nas quais a criança pode externalizar o que se passa na sua mente, de modo controlável. Os contos de fada mostram à criança de que modo ela pode personificar 2
 
 
seus desejos destrutivos numa figura, obter satisfações desejadas de outra, identificar-se com uma terceira, ter ligações ideais com uma quarta e dai por diante, como requeiram suas necessidades momentâneas.
 
Diante desta afirmação podemos dizer que o conto de fada oportuniza para as crianças condições de elas verem suas vidas dentro da historia e poder lidar com seus problemas, ainda Bettelheim (1978, pg. 16) afirma que:
 
Para dominar os problemas psicológicos do crescimento - separar decepções narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar dependências infantis; obter um sentimento de individualidade e de auto valorização, e um sentido de obrigação moral - a criança necessita entender o que se está passando dentro de seu eu inconsciente. Ela pode atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar com as coisas, não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu inconsciente, mas familiarizando-se com ele através de devaneios prolongados - ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos adequados da estória em resposta a pressões inconscientes. Com isto, a criança adequa o conteúdo inconsciente às fantasias conscientes, o que a capacita a lidar com este conteúdo.
 
Através desta afirmativa, podemos analisar como os contos de fada são realmente importantes no desenvolvimento da criança em sua totalidade, mas a razão do sucesso dos contos de fadas reside justamente no fato de abordarem a linguagem emocional em que a criança se encontra. Mas o mais importante que os contos ensinam é que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca do ser humano e quando tudo finda a personagem emergirá vitoriosa.
 
Ao mesmo tempo em que a criança necessita viver essas experiências, ela precisa também que sejam oferecidas sugestões em forma simbólica sobre como ela pode lidar com estas questões da vida e crescer. Quando em um conto de fadas existe o bem e o mal, oportuniza a criança criar relações com esses sentimentos, vivenciar as vitórias e derrotas e por fim criar para si uma convicção moral que, conforme Gabriel Chalita, (2003, pg. 10). "Sem o passaporte mágico, dessas narrativas, é difícil conceber viagens, aventuras, temores, medos e receios imaginários fundamentais ao nosso desenvolvimento intelectual e emocional''. Daí a necessidade das crianças conviverem com os contos de fadas, eles estimulam seu conciente e entram até o subconciente fazendo com a criança tenha oportunidade de sonhar e de viver a realidade com outros olhos. Igualmente aos contos de fadas a literatura infantil, que advem desses contos de fadas tradicionais adaptados para os dias de hoje auxiliam no desenvolvimento cognitivo e afetivo de nossas crianças. 3
 
 
2. DESENVOLVIMENTO
 
O ato de ler e interpretar é um processo abrangente e completo, é um processo de compreensão, de entender o mundo a partir de uma característica particular: a capacidade de interação com o outro através das palavras, que por sua vez estão sempre submetidas a um contexto.
Para embasarmos nosso pensamento usamos Souza (1992, pg. 22) que afirma:
 
Leitura é, basicamente, o ato de perceber e atribuir significados através de uma conjunção de fatores pessoais com o momento e o lugar, com as circunstâncias. Ler é interpretar uma percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse processo leva o indivíduo a uma compreensão particular da realidade.
 
Viemos por meio dessa citação afirmar a importância da leitura , as crianças enquanto sujeitos formadores dos seus saberes, devem estar em constante contato com o mundo das letras, pois tendo convívio constante com a leitura é que vão criar gosto pela mesma. Buscamos nesta pesquisa criar um clima de descontração com hora do conto através da representação das histórias, assim as crianças sentem que ler pode ser prazeroso e divertido, tentamos excluir aquela imagem de que a leitura é algo maçante e simplesmente obrigatório.
A literatura infantil pode influenciar na formação da criança, que passa a conhecer o mundo em que vive e a compreendê-lo. Assim como destaca GOES (1990, p. 16) "A leitura para a criança não é, como às vezes se ouve, meio de evasão ou apenas compensação. É um modo de representação do real. Através de um "fingimento", o leitor re-age, re-avalia, experimenta as próprias emoções e reações." Ao contemplarmos esta afirmativa vemos como a leitura e a sua utilização pode promover condições de aprendizagem e relaxamento, buscando um aprendizado fluente. Também Coelho (2000, pg.141) explica que,
 
[...] a literatura infantil vem sendo criada, sempre atenta ao nível do leitor a que se destina [...] e consciente de que uma das mais fecundas fontes para a formação dos imaturos é a imaginação – espaço ideal da literatura. É pelo imaginário que o eu pode conquistar o verdadeiro conhecimento de si mesmo e do mundo em que lhe cumpre viver.
 
A hora do conto encanta as crianças fixando sua atenção e instigando sua imaginação. Ao buscarmos a leitura como apoio pedagógico, procuramos alcançar nas 4
 
 
crianças um nível de conexão com a realidade e conseqüentemente com sua aprendizagem.
As histórias infantis oportunizam atividades que objetivam a interdisciplinaridade na alfabetização tornando esta menos cansativa e repetitiva para as crianças. Ao trazermos o mundo da imaginação dos contos para a realidade das crianças conseguimos abordar algumas temáticas que puderam ser trabalhadas dentro dos objetivos da educação infantil.
Oportunizamos para as crianças histórias que abordaram o preconceito, os valores os sentimentos a individualidade, a fé a negligencia e por fim a alimentação. Dentro dessas abordagens conseguimos trabalhar a escrita, a interpretação a criatividade, entre outros aspectos fundamentais que o processo de alfabetização contempla.
Durante todo o processo conseguimos observar que as crianças conseguiram transformar o mundo das fantasias das histórias em situações reais, as quais ocorrem em seu dia-a-dia, onde exemplificaram por inúmeras vezes estas passagens e obtiveram o entendimento de que forma agir e como se posicionar diante desses fatos. Em um aspecto geral todos os objetivos que nós propusemos aos alunos foram alcançados, pois os aspectos de leitura e escrita foram contemplados de uma forma lúdica e coerente.
 
3. METODOLOGIA
 
A escolha do tema veio de encontro com as necessidades existentes na turma segundo a professora regente, o conto e o trabalho realizado em torno deste veio enriquecer os conhecimentos dos alunos, estimular a leitura e proporcionar o desenvolvimento cognitivo. Para Pinto (apud RUFINO e GOMES, 1999, pg.11):
 
A Literatura Infantil tem um grande significado no desenvolvimento de crianças de diversas idades, onde se refletem situações emocionais, fantasias, curiosidades e enriquecimento do desenvolvimento perceptivo. Para ele a leitura de histórias influi em todos os aspectos da educação da criança: na afetividade: desperta a sensibilidade e o amor à leitura; na compreensão: desenvolve o automatismo da leitura rápida e a compreensão do texto; na inteligência: desenvolve a aprendizagem de termos e conceitos e a aprendizagem intelectual.
 
Vizualizamos desta forma quão enriquecedora é a literatura para a construção cognitiva dos alunos. Foram realizados trabalhos de leitura com a hora do conto, foi ofertado as crianças histórias, atrativas e ricas em conhecimento, nas quais, foram 5
 
 
realizadas diversas atividades.Oportunizar para as crianças o mundo das histórias, é oportunizar uma facilitação para a alfabetização futuramente, pois com as histórias as crianças ja tem a familiaridade do mundo das letras e a vontade de decifra-las , para Zilberman, (1984, pg. 107):
 
As pessoas aprendem a ler antes de serem alfabetizadas, desde pequenos, somos conduzidos a entender um mundo que se transmite por meio de letras e imagens. O prazer da leitura, oriundo da acolhida positivae da receptividade da criança, coincide com um enriquecimento íntimo,já que a imaginação dela recebe subsídios para a experiência do real,ainda quando mediada pelo elemento de procedência fantástica.
 
Ainda em relação a literatura temos também ABRAMOVICH (1993, pg. 16) que ressalta: "[...] Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo[...]". Podemos, assim, começar a compreender a importância da Literatura Infantil no desenvolvimento cognitivo das crianças. Utilizou-se o apoio literário para desenvolver o lado afetivo dos alunos, tanto a afetividade entre professor aluno, quanto em relação aos colegas entre si.
Buscamos pesquisar o valor do carinho, da atenção e do amor existente em sala de aula, segundo Freire, não existe educação sem amor. "Ama-se na medida em que se busca comunicação, integração a partir da comunicação com os demais" (FREIRE, 1983, pg. 29),isto reforça o quanto é necessário o laço afetivo para que haja uma produção cognitiva e uma relação interpessoal na turma.
Segundo Marchand, (1985, pg.19).
 
[...] na prática pedagógica, podem surgir entre professor e aluno, sentimentos de atração ou de repulsão. Essas atitudes sentimentais têm o poder de influenciar a metodologia com risco de alterá-la, provocando no aluno, rudes transformações afetivas mais ou menos desfavoráveis ao ensino.O poder do professor é maior que o do livro, e a qualidade do diálogo estabelecido entre professor e aluno é importante para uni-los, criando um laço especial, ou para separá-los, criando obstáculos intransponíveis.
 
E foi buscando este laço afetivo que foi realizado este trabalho , tendo em vista que a clientela devido a idade necessite de uma maior ligação afetiva, tanto com os professores como com os colegas .
 
Uma criança é capaz de interpretar uma história é capaz de codficar simbolos e significados ligados aos fatos do seu cotidiano, e a afetividade faz parte destes signos, uma vez que o cognitivo e o afetivo estão interligados, como nos diz Pinto, ( 2004, pg. 109). 6
 
 
[...] acredita-se que as duas estruturas (afetividade e cognição) funcionem psicologicamente de maneira dinâmica e construtiva, como peças conjuntas de um processo único no funcionamento psicológico, sendo assim de pouco valor dividi-las em fragmentos dissociados entre si. Em cada experiência, o ser humano é cognitivoafetivo ao mesmo tempo, estando em proporções variáveis ‘mais’ afetivo ou ‘mais’ cognitivo, ou quem sabe ambas as duas somadas. Ou seja, sendo inseparáveis.
 
Com isso podemos afirmar o funcionamento parceiro entre esses dois processos mentais , e no que diz respeito a nossa pesquisa, ao se desenvolver um momento de leitura, onde as crianças possam participar ativamente, suas codficações acabam por transformar seus sentimentos em soluções ou simples entendimento de mundo.
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
 
Os resultados vieram de encontro com a proposta realizada, a turma obteve ótimo rendimento e uma excelente aceitação ao tema. Podemos verificar que com a aplicabilidade de contos, e historias infantis as crianças se despiam de qualquer barreira que por ventura poderiam ter, e abria-se para um mundo de encantos e imaginação, e com esse trabalho a afetividade aflorava, oportunizando uma melhor exploração de seus sentimentos junto aos colegas e professores.
Desta forma tem-se aqui enunciado, que ler e ouvir histórias não e um ato passivo, mas um caminho onde se encontra possibilidade inúmera de serem trabalhadas com as crianças da educação infantil. Delimitar o tema requer uma apreciação mais cuidadosa do assunto, sem que se passe desapercebida determinada mensagens contidas nas histórias, sem que se despreze seu apoio para a aprendizagem.
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
As histórias e os contos de fadas trazem a rotina escolar uma atividade insubstituível repleta de expressão, fantasia e anseios, ajudando a criança a lidar com determinadas questões mentais inquietantes a seu ponto de vista. Em outro aspecto, no contexto escolar as historias são fonte de aprendizagem e desenvolvimento.É evidente que a literatura infantil serve para reforçar os laços de desenvolvimento e descobertas da criança. Elas aprendem desde cedo, que a linguagem dos livros tem as suas próprias convenções, e que as palavras podem criar mundos imaginários para além do aqui e agora. 7
 
 
Ao buscarmos os contos de fadas e literatura infantil para chegarmos á afetividade, buscamos o intimo de cada individuo, pois nos contos de fadas as crianças podem colocar-se no lugar dos personagens e tentar resolver suas questões emocionais de uma forma mais sutil, e na escola os contos de fadas e literatura infantil pode auxiliar propondo uma melhor relação entre colegas e professor alunos, assim obtendo em sala um ambiente onde aja maior compreensão e amor por parte de todos os indivíduos envolvidos no processo cognitivo da criança.
 
REFERÊNCIAS
 
ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. 3. Ed. São Paulo: Scipione, 1993.
CHALITA, Gabriel. Pedagogia do Amor, "A contribuição das histórias universais para a formação de valores da nova geração". São Paulo: Gente. 2003.
BETTELHEIM. Bruno. A psicanalise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
SOUZA, Renata Junqueira de. Narrativas Infantis: a literatura e a televisão de que as crianças gostam. Bauru: USC, 1992.
GÓES, Lucia Pimentel. A aventura da Literatura para crianças. São Paulo: Melhoramentos, 1990.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lílian Lopes
 
 
Martin. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1983. Coleção Educação e Comunicação vol. 1.
 
MARCHAND, Max. A afetividade do educador. (Tradução de Maria Lúcia Spedo
 
 
Hildorf Barbanti e Antonieta Barini; direção da Coleção Fanny Abromovich). São
Paulo: Ed. Summus, 1985. (Novas buscas em educação: 23).
 
RUFINO, C.; GOMES, W. A importância da literatura infantil para o desenvolvimento da criança na fase da pré-escola. São José dos Campos: Univap, 1999.
ZILBERMAN, Regina, Literatura Infantil: Livro, Leitura, Leitor. In. A produção cultural para a criança. São Paulo: Mercado Aberto, 1984.
PINTO, F. E. M. Por detrás dos seus olhos: a afetividade na organização do raciocínio humano Dissertação (Mestrado em Educação) – FE/Unicamp, Campinas, 2004.
 
 

A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO PRÁTICA EDUCATIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
 
 
Ana do Nascimento Biluca Mateus*1
 
*Graduandas do Curso de Pedagogia da PUC Minas. e-mails: josianne.ferreira@yahoo.com.br; michellepotiguara@hotmail.com;simone.bh@hotmail.com;anabiluca5@hotmail.com; andreiabetim@gmail.com; leticia.g18@hotmail.com; elainecostapereira@gmail.com
 
 
**Doutora em Ciências da Religião. Mestre em Educação. Professora da PUC Minas. E-mail: verasantanna@hotmail.com;
 
Andréia Ferreira Silva*
Elaine Costa Pereira*
Josiane Nascimento Ferreira de Souza*
Letícia Grassi Maurício da Rocha*
Michelle Potiguara Cruz de Oliveira*
Simone Cunha de Souza*
 
Orientadora: Profa. Vera Lúcia Lins Sant’Anna**2
 
 
Resumo
 
O presente artigo tem por finalidade a contribuição da contação de histórias para o processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil. As histórias representam indicadores efetivos para situações desafiadoras, assim como fortalecem vínculos sociais, educativos e afetivos. Portanto, se faz necessário que os professores utilizem essa ferramenta para o desenvolvimento da criança, despertando pequenos leitores e estimulando para o mundo da imaginação.
 
Palavras-chave: Contação de História. Prática Pedagógica. Imaginação e Educação.
 
 
1 INTRODUÇÃO
 
Vivemos um período em que a mídia e as tecnologias estão cada vez mais acessíveis às crianças; as informações chegam pelos meios de comunicação ampliando os horizontes e os conhecimentos. Os livros estão sendo deixados de lado, as histórias estão sendo esquecidas, o que torna um desafio para o educador fazer com que as crianças em idade escolar tomem gosto pela leitura. 55
 
 
A contação de história nas escolas era uma forma de distrair as crianças e hoje vem ressurgindo a figura do contador de histórias. De acordo com vários estudiosos, a contação de histórias é um precioso auxílio à prática pedagógica de professores na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A contação de história instiga a imaginação, a criatividade, a oralidade, incentiva o gosto pela leitura, contribui na formação da personalidade da criança envolvendo o social e o afetivo.
 
2 UMA VISÃO HISTORIOGRÁFICA SOBRE A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA
 
Na transição do século XVII para o XVIII, o significado e o papel social da infância, assim como uma literatura adequada para esta instituição que apenas foi criada posteriormente, as crianças eram reconhecidas como pequenos adultos, possuidores de tarefas e cuidados semelhantes aos de um adulto, o que pode explicar a alta taxa de mortalidade infantil naquela época.
Compartilhando todas as atividades com as pessoas mais velhas, as crianças também possuíam a mesma cultura literária que os demais.
Apenas com a ascensão da burguesia e reestruturação familiar, a criança começou a ser reconhecida como indivíduo diferente do adulto, com atribuições diferentes. No século XVIII, a literatura infantil mostrou-se importante no âmbito escolar e na necessidade de uma mudança na mentalidade sociocognitiva que a criança possuía. A escola foi um dos principais agentes para que a mudança na literatura ocorresse.
As primeiras produções infantis foram realizadas por professores e pedagogos no final do século XVII e durante o século XVIII. Coelho (2001) afirma que "estudar a história é ainda escolher a melhor forma ou o recurso mais adequado de apresentá-la." (COELHO, 2001, p. 31).
 
A contação de histórias é uma das atividades mais antigas de que se tem notícia. Essa arte remonta à época do surgimento do homem há milhões de anos. Contar histórias e declamar versos constituem práticas da cultura humana que antecedem o desenvolvimento da escrita. Na cultura primitiva, saber ler, escrever e interpretar sinais da natureza era de grande importância, porque mais tarde iam se tornar registros pictográficos, com os quais seriam relatadas coisas do cotidiano que poderia ser lido e compreendido pelos integrantes do grupo. As histórias são uma 56
 
 
maneira mais significativa que a humanidade encontrou para expressar experiências que nas narrativas realistas não acontecem. Os contos são temidos porque objetivam os fatos e as verdades que não podem ser expressos pela razão, por isso nos estudos dos contos observa-se: "Em primeiro lugar, o fato de que eles falam sempre de relacionamentos humanos primitivos e, por isso, exprimem sentimentos muito arcaicos do psiquismo humano." (VIEIRA, 2005, p. 10)
Desde aqueles tempos remotos e ainda hoje, a necessidade de exprimir os sentidos da vida, buscar explicações para nossas inquietações, transmitir valores de avós para netos têm sido a força que impulsiona o ato de contar, ouvir e recontar histórias.
 
A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e se materializam na vida real. (RODRIGUES, 2005, p. 4).
 
A contação de histórias é uma atividade fundamental que transmite conhecimentos e valores, sua atuação é decisiva na formação e no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
As histórias são uma maneira mais significativa que a humanidade encontrou para expressar experiências que, nas narrativas realistas, não acontecem. A contação de histórias, além de pertencer ao campo da educação e à área das ciências humanas, é uma atividade comunicativa. Por meio dela, os homens repassam costumes, tradições e valores capazes de estimular a formação do cidadão. Por isso, contar histórias é saber criar um ambiente de encantamento, suspense, surpresa e emoção, no qual o enredo e os personagens ganham vida, transformando tanto o narrador como o ouvinte. O ato de contar histórias deve impregnar todos os sentidos, tocando o coração e enriquecendo a leitura de mundo na trajetória de cada um.
 
A contação de histórias está ligada diretamente ao imaginário infantil. O uso dessa ferramenta incentiva não somente a imaginação, mas também o gosto e o hábito da leitura; a ampliação do vocabulário, da narrativa e de sua cultura; o conjunto de elementos referenciais que proporcionarão o desenvolvimento do consciente e subconsciente infantil, a relação entre o espaço íntimo do indivíduo 57
 
 
(mundo interno) com o mundo social (mundo externo), resultando na formação de sua personalidade, seus valores e suas crenças.
A capacidade de imaginar permite que o ser humano crie uma habilidade de entendimento e compreensão de histórias ficcionais, pois nossa vida apenas é entendida dentro de narrativas. As histórias nos transmitem informações e abrangem nossas emoções. É por esse motivo que algumas pessoas se sentem receosas ao trabalhar com crianças e jovens em desenvolvimento. A história tem um papel significativo na contribuição com a tolerância e o senso de justiça social, podendo criar novos rumos à imaginação, podendo ser eles bons ou ruins.
Sendo assim, a reformulação da literatura infantil foi de extrema importância para que a sua função social e individual pudesse respeitar as especificidades e necessidades da intencionalidade que a história possui e quer transmitir para a criança. Além, é claro, da adequação condizente com a faixa etária.
 
Chegaram ao seu coração e à sua mente, na medida exata do seu entendimento, de sua capacidade emocional, porque continham esse elemento que a fascinava, despertava o seu interesse e curiosidade, isto é, o encantamento, o fantástico, o maravilhoso, o faz de conta. (ABRAMOVICH, 1997, p. 37).
 
A contação de histórias é um momento mágico que envolve a todos que estão nesse momento de fantasia. Ao contar histórias, o professor estabelece com o aluno um clima de cumplicidade que os remete à época dos antigos contadores que, ao redor do fogo, contavam a uma plateia atenta às histórias, costumes e valores do seu povo. A plateia não se reúne mais em volta do fogo, mas, nas escolas, os contadores de história são os professores, elo entre o aluno e o livro. O ato de contar histórias é próprio do ser humano, e o professor pode apropriar-se dessa característica e transformar a contação em um importantíssimo recurso de formação do leitor. (PENNAC, 1993, p. 124).
 
Inúmeras são as possibilidades que o uso da contação de histórias em sala de aula propicia. Além de as histórias divertirem, elas atingem outros objetivos, como educar, instruir, socializar, desenvolver a inteligência e a sensibilidade. A literatura não está recebendo um estímulo adequado, e a contação de histórias é uma alternativa para que os alunos tenham uma experiência positiva com a leitura, não uma tarefa rotineira escolar que transforma a leitura e a literatura em simples instrumentos de avaliação, afastando o aluno do prazer de ler. Porque, para formar 58
 
 
grandes leitores, leitores críticos, não basta ensinar a ler. É preciso ensinar a gostar de ler. [...] com prazer, isto é possível, e mais fácil do que parece. (VILLARDI, 1997, p. 2).
Dessa forma, utilizar a contação em sala de aula faz com que todos saiam ganhando, tanto o aluno, que será instigado a imaginar e criar, quanto o professor, que ministrará uma aula muito mais agradável e produtiva e alcançará o objetivo pretendido: a aprendizagem significativa. Além disso, as histórias ampliam o contato com o livro para que os alunos possam expandir seu universo cultural e imaginário e, através de variadas situações, a contação de histórias pode: intrigar, fazer pensar, trazer descobertas, provocar o riso, a perplexidade, o encantamento etc. Ou seja, ao se contar uma história, percorre-se um caminho absolutamente infinito de descobertas e compreensão do mundo. As histórias despertam no ouvinte a imaginação, a emoção e o fascínio da escrita e da leitura. Afinal, contar histórias é revelar segredos, é seduzir o ouvinte e convidá-lo a se apaixonar... pela história... pela leitura. A contação de história é fonte inesgotável de prazer, conhecimento e emoção, em que o lúdico e o prazer são eixos condutores no estímulo à leitura e à formação de alunos leitores.
 
3 CARACTERIZAÇÃO DOS CONTOS DE FADAS, FÁBULAS E HISTÓRIAS CURATIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DOS ASPECTOS SOCIO-COGNITIVO E AFETIVO DA CRIANÇA (3 A 6 ANOS)
 
As histórias narradas sempre acompanharam a vida do homem em sociedade. Por meio delas, foi possível a preservação da cultura. Durante muito tempo, foram a única fonte de aquisição e transmissão do conhecimento. A narrativa é a arte de contar histórias que é tão antiga quanto o homem. A contação de história estimula a imaginação, retrata pessoas, lugares, acontecimentos, desejos e sonhos, favorecendo o processo da aprendizagem.
 
São textos que mantêm uma estrutura fixa, partindo de um problema (como estado de penúria, carência afetiva, conflito entre mãe e filho), que desequilibra a tranquilidade inicial. O desenvolvimento é uma busca de soluções, no plano da fantasia, com introdução de elementos mágicos: fadas, bruxas, duendes, gigantes entre outros. A restauração da ordem acontece no final da narrativa, quando se volta a uma situação de tranquilidade. 59
 
 
Por exemplo, muitas estórias de fadas começam com a morte da mãe ou do pai. Nestes contos a morte do progenitor cria os problemas mais angustiantes, como isto (ou medo disto) ocorre na vida real. Outras estórias falam sobre um progenitor idoso que decide que é tempo da nova geração assumir. Mas antes que isto possa ocorrer o sucessor tem que provar-se capaz e valoroso. (BETTELHEIM, 2002, p. 14).
 
É característico dos contos de fadas colocar um dilema existencial de forma breve e categórica, simplificando todas as situações. Isso permite à criança apreender o problema em sua forma mais essencial, pois uma trama mais complexa confundiria o assunto para ela.
Segundo Betteltheim (2002), os contos de fadas começam a exercer seu impacto benéfico nas crianças por volta dos quatros/cinco anos. Podem ser contadas as estórias que os pais gostavam quando crianças ou que tenham atração e valor para a criança.
Os escritores mais famosos dos contos de fadas infantis são os Irmãos Grimm - Jacob e Wilhelm Grimm -, que fizeram e fazem muito sucesso até hoje com suas histórias e seus contos. Nascidos na Alemanha, os Irmãos Grimm dedicaram a sua vida ao registro das fábulas infantis e assim ganharam fama e popularidade com as crianças. Além das belas histórias e das contribuições para o imaginário dos pequenos, os Irmãos Grimm também contribuíram para a língua alemã com um dicionário e, assim, desenvolveram um estudo mais aprofundado da língua e do folclore popular local. As maiores e melhores obras dos Irmãos Grimm são resumidas em contos e lendas para crianças. Os contos para as crianças, na verdade, eram contos destinados aos adultos. O que aconteceu durante os anos é que eles foram adaptados para os pequenos. Os Irmãos Grimm, na verdade, tornaram a fantasia acessível para as crianças. "Todos os contos de fadas dos Irmãos Grimm foram discutidos com respeito às origens de cada estória, suas diferentes versões em todo o mundo, suas relações com outras lendas e contos de fadas" (BETTELHEIM, 2002, p. 351).
 
Um dos contos de fadas mais contados às crianças é o da Bela Adormecida. Antes, uma estória destinada aos adultos, o conto foi adaptado, alguns elementos foram modificados e retirados e, assim, se tornou um conto infantil. Na versão original, a encantadora Bela Adormecida, depois de furar o dedo numa agulha, dorme por cem anos, até que um dia surge um príncipe que a beija e ela desperta 60
 
 
do sono profundo. Eles se apaixonam, casam e vivem felizes para sempre. Mas, infelizmente, o conto original não é tão doce. No original, a jovem é colocada para dormir por causa de uma profecia, ao invés de uma maldição; o rei, ao vê-la dormindo, abusa sexualmente e a engravida. Após nove meses, ela dá a luz a duas crianças (enquanto ela ainda está dormindo). Não é o beijo de um príncipe que a acorda, uma das crianças chupa o seu dedo, e remove o pedaço de linho que estava a mantê-la dormindo. Em seguida, ela acorda sendo mãe de dois filhos.
A Bela Adormecida conhecida hoje tem duas versões diferentes: a de Perrault e a dos Irmãos Grimm. A diferença se refere aos detalhes das duas histórias. Por mais variadas que sejam as versões, o tema central é o mesmo. Segundo Bettelheim (2002, p. 271), as versões Perrault e dos Irmãos Grimm começam indicando que podermos ter de esperar muito tempo para encontrar realização sexual, como a que implica ter um filho. A estória está baseada no simbolismo, em que se explica, de forma indireta, o que representa cada situação como, por exemplo, a presença de vários príncipes que tentaram se aproximar da bela adormecida, mas que ficaram presos nos espinhos.
 
Muitos príncipes tentam alcançar Bela Adormecida antes de terminar sua maturação; todos os pretendentes prematuros perecem nos espinheiros. Com isto, o conto adverte à criança e aos pais que o despertar do sexo antes da mente e do corpo estarem prontos para ele é muito destrutivo. Mas quando Bela Adormecida finalmente adquiriu maturidade física e emocional, e está pronta para o amor, e, por conseguinte, para o sexo e o casamento, então o que antes parecera impenetrável se abre. O muro de espinhos subitamente se transforma numa cerca de flores grandes e belas que se abre para o príncipe entrar. A mensagem implícita é a mesma de vários outros contos de fadas: não se preocupe e não tente apressar as coisas – no seu devido tempo, os problemas impossíveis serão solucionados, como que espontaneamente. (BETTELHEIM, 2002, p. 273-274).
 
Outra estória conhecida pelas crianças é a de João e Maria. A versão conhecida de Hansel e Gretel fala de duas criancinhas que ficam perdidas na floresta, até encontrar seu caminho para uma casa de gengibre e doces que pertence a uma bruxa. As crianças acabam escravizadas por um tempo enquanto a bruxa as prepara para comer. Eles encontram a saída, atiram a bruxa no fogo e fogem. Na versão francesa anterior desse conto (chamado The Lost Children – As Crianças Perdidas), em vez de uma bruxa, temos um demônio. Agora o demônio é enganado pelas crianças (da mesma forma que Hansel e Gretel), mas resolve isso e põe um chicote para fazer uma criança sangrar (isto não é um erro – ele realmente 61
 
 
faz isso). As crianças fingem não saber como chegar ao chicote, portanto a mulher do demônio demonstra. Enquanto ela está deitada, as crianças cortam a sua garganta e escapam.
Esse conto de fadas folclórico, segundo Bettelheim (2002, p. 195), transmite uma verdade importante, embora desagradável: a pobreza e a privação não melhoram o caráter do homem, mas, sim, o tornam mais egoísta e menos sensível aos sofrimentos dos outros, e assim sujeito a empreender feitos malvados.
Quando o João utiliza o pão para marcar o caminho de volta para casa, é como fuga (da fome) que o impede de pensar de forma clara sobre a situação problema, não pensando na possibilidade de os pássaros comerem as migalhas do pão. As crianças não veem a casa de biscoito de gengibre como abrigo e segurança e sim como alimento que as satisfará e não pensam nas consequências.
Para Bettelheim (2002, p. 197), o conto de fadas é a cartilha com a qual a criança aprende a ler sua mente na linguagem das imagens, a única linguagem que permite a compreensão antes de conseguirmos a maturidade intelectual.
A criança necessita ser exposta a essa linguagem para prestar atenção a ela. O conteúdo pré-consciente das imagens do conto de fadas é muito rico porque estimula a criança a desenvolver seu intelecto. A bruxa representa os aspectos destrutivos da oralidade, que está propensa a comer as crianças como elas devoraram a casa de biscoito. As suas intenções malvadas forçam as crianças a reconhecer os perigos da voracidade oral.
 
Uma bruxa forjada pelas fantasias ansiosas da criança persegue-a; mas uma bruxa que ela pode empurrar para dentro de seu próprio fogão para que morra queimada é uma bruxa da qual a criança pode se livrar. Enquanto as crianças continuarem a acreditar em bruxas – sempre o fizeram e sempre o farão – até a idade em que não sejam mais compelidas a dar aparência humana às suas apreensões informes – elas necessitarão de estórias onde crianças se livram, pela engenhosidade, destas figuras persecutórias da imaginação. Conseguindo fazê-lo, ganham muito com a experiência, como o fizeram João e Maria. (BETTELHEIM, 2002, p. 202).
 
Esse conto dá expressão simbólica às experiências internas diretamente unidas à mãe, a criança não imagina que um dia poderá ficar afastada dos seus pais. A estória de João e Maria auxilia a criança a exceder sua dependência imatura dos pais e alcançar os níveis mais altos de desenvolvimento, valorizando também o apoio de outras crianças, de forma lúdica. 62
 
 
A cooperação com eles na realização das tarefas terá que substituir finalmente a dependência infantil e restrita aos pais. A criança em idade escolar frequentemente ainda não pode imaginar que um dia será capaz de enfrentar o mundo sem os pais; por esta razão deseja agarrar-se a eles além do ponto necessário. Precisa aprender a confiar que algum dia dominará os perigos do mundo, mesmo na forma exagerada em que seus medos os retratam, e que se enriquecerá com isto. (BETTELHEIM, 2002, p. 202).
 
A palavra "fábula" vem do latim e significa falar. O gênero fábula apresenta características marcantes. Trata-se de pequenas narrações, em que os personagens protagonistas geralmente são animais que representam sentimentos e emoções humanas. Mesmo assemelhando-se às historias infantis, as fábulas foram criadas inicialmente para serem contadas a adultos, com o objetivo de aconselhá-los e distraí-los.
 
A fábula é uma narração alegórica, cujos personagens são, geralmente, animais, e que encerra em uma lição de caráter mitológico, ficção, mentira, enredo de poemas, romance ou drama. Contém afirmações de fatos imaginários sem intenção deliberada de enganar, mas sim de promover uma crença na realidade dos acontecimentos. A fábula seria, portanto, uma narração em prosa e destinada a dar relevo a uma ideia abstrata, permitindo, dessa forma, apresentar, de maneira agradável, uma verdade que, de outra maneira, se tornaria mais difícil de ser assimilada. (LIMA; ROSA, 2012)
 
Segundo Fernandes (2001), fábula é um gênero que, como tantos outros gêneros narrativos, registra as experiências e o modo de vida dos povos. Seu objetivo é trazer reflexões quanto a valores, tais como respeito, diferenças, amizade, companheirismo, dentre outros. Em relação à moral nas fábulas, Góes (1991) afirma:
 
A moral contida nas fábulas é uma mensagem animada e colorida. Uma estória contém moral quando desperta valor positivo no homem. A moral transmite a crítica ou o conhecimento de forma impessoal, sem tocar ou localizar claramente o fato. Isso levou a pensar que essa narrativa da moralizante nasceu da necessidade crítica do homem, contida pelo poder da força e das circunstâncias. (GÓES, 1991, p. 144)
 
A fábula resume uma ação e sua reação, seguida do discurso que levará o leitor a refletir. Nem sempre é necessário que haja mais de um personagem, uma vez que a ação e a reação de determinada situação podem estar acontecendo na mente de um único personagem, portanto, podem ser construídas a partir de diálogo ou diálogo interior ou monólogo. 63
 
 
Sendo as fábulas pequenas narrativas em que animais são os personagens protagonistas, o comportamento humano é criticado através de atitudes de animais que poderiam ser bons, maus ou apresentar diferentes virtudes ou defeitos. É comum que esses animais representem raposas, lobos, formigas, entre outros. Cada um deles apresenta características tipicamente humanas. Como exemplo, o leão representa força e poder, o cordeiro representa ingenuidade, a raposa simboliza a esperteza. Para coelho (2000, p. 166), La Fontaine explicita em sua primeira coletânea de fábulas que se serve de animais para instruir os homens. (LIMA; ROSA, 2012)
 
Alguns autores consideram as fábulas um método universal de construção discursiva, porém, sempre haverá diferenças no modo como cada povo estrutura suas fábulas e seus elementos, resultando numa coleção cultural. As fábulas não iniciam com o famoso "Era uma vez", como nos contos de fadas. Todas as palavras são medidas, selecionadas e direcionadas ao seu alvo.
As primeiras fábulas surgiram em 1668, publicadas em "As fábulas" de Jean La Fontaine, que se utilizava desse gênero para relatar a situação social de sua época: misérias, desigualdades e injustiças. No Brasil, como fabulista pioneiro, temos Monteiro Lobato, que recontava as famosas fábulas de La Fontaine e Esopo. Outros fabulistas brasileiros são Donaldo Schüler e Millor Fernandes, estes mais contemporâneos, que recriaram as fábulas de maneira irônica, através de situações do cotidiano moderno.
Uma característica intrínseca às fábulas de Lobato é a linguagem simples e coloquial, em que o autor se utiliza de palavras cotidianas e expressões de uso popular, além de apresentarem um caráter educativo.
Muitas são fábulas conhecidas hoje, atribuídas a diferentes autores. São exemplos de fábulas:
a) "A raposa e as Uvas";
b) "A Cigarra e a Formiga";
c) "A Lebre e a Tartaruga";
d) "O Leão e o Ratinho";
e) "A galinha dos ovos de ouro";
f) "A rosa e a borboleta";
g) "A menina do leite";
h) "O lobo e a cabra";
i) "O cachorro e sua sombra";
j) "Os viajantes e o urso";
k) "O gato, o galo e o ratinho"; dentre outras.
Nas histórias curativas, a proposta da autora e médica Susan Perrow (2010) é trabalhar histórias terapêuticas para comportamentos desafiadores. As histórias curativas envolvem os ouvintes e possibilita ao contador de histórias promover a mudança de comportamentos inadequados em diferentes idades e procedimentos. O livro apresenta oitenta histórias divididas em categorias de comportamentos desafiadores para as crianças de três a oito anos de idade. No entanto, o livro oferece uma diversidade de orientações e modelos para criação de histórias, utilizando recursos multiculturais, que poderão ser usadas em qualquer fase da vida.
Segundo a autora, é importante ressaltar que as histórias não são pílulas mágicas com receitas para cada comportamento. Cada situação deve ser analisada pelo contexto sociocultural, pois cada ser é único com comportamentos diversificados. A contribuição desse livro é permitir, pela imaginação, contar, criar e trazer possíveis transformações para a humanidade.
A imaginação infantil é elevada, sublime, celestial e pura. A criança, diferentemente, se relaciona com as histórias como os adultos. A imaginação, nos contos de fadas, se torna para a criança uma realidade, ao passo que para os adultos é feita uma análise sobre a veracidade das histórias, sendo, portanto, uma barreira para o imaginário adulto.
A autora descreve momentos de sua trajetória histórica enquanto mãe, escritora e contadora de histórias, apontando questionamentos importantes: O que é uma história? Seria como definir algo como o humano, a árvore e o arco-íris, acrescentam ainda que a 'História’ é como a vida, é difícil de definir ou categorizar. O que é uma história terapêutica? Os contos, os temas universais, permitem às pessoas sorrir ou chorar. Refletir sobre suas experiências de vida pode curar e incentivar para novos desafios, promovendo grandes transformações.
 
Diante da diversidade de histórias apresentadas, escolhemos duas para aprimorar o nosso trabalho, O Inquieto Pônei Vermelho, uma história escrita para comportamentos rebeldes, criada para uma criança de quatro anos que, segundo a autora, era agitada, corria, chutava e batia nas demais crianças da creche. A história revela o comportamento de um pônei que corria, pulava e dava coices, não deixando o fazendeiro escovar o seu pelo, causando, então, uma coceira e incomodando os 65
 
 
demais pôneis do estábulo, por fazerem tanta bagunça não podiam descansar. Até que um dia o pônei escuta o conselho da escova e tudo se resolve: além de limpo, ele poderia galopar livremente pelos campos.
 
A segunda história escolhida é O Jardim de Deus. Pode ser contada nos momentos em que há problemas para dormir ou pesadelos (idades de quatro a oito anos), ajuda acalmar a criança por estar assustada e conduzi-la ao mundo da imaginação. A história leva a criança a imaginar um lindo lugar com base na natureza, um riacho brilhante e um pássaro anjo, proporcionando, assim, a tranquilidade e revelando que Deus compartilha do seu jardim com todos nós.
 
 
Para que os objetivos sejam alcançados ao contar uma história, o contador precisa considerar alguns pontos importantes:
a) as histórias podem ser lidas ou contadas; o contador deve levar vida às histórias, preocupando-se com a entonação de voz e a postura do corpo;
b) sensibilidade ao multiculturalismo para escrever e contar as histórias;
c) considerar as diversas possibilidades de frases para começar e terminar um conto;
d) utilizar acessórios e utensílios como, por exemplo, fantoches é um excelente recurso para o ouvinte e para o contador lembrar a sequência da história, mas é preciso que seja simples, porém atrativo, principalmente para aguçar a curiosidade de crianças menores;
e) preparar o ambiente, considerar as idades, falar com clareza, começar e finalizar as histórias; direcionar uma por dia é fundamental para uma boa contação;
f) é essencial que, ao final, seja feita uma avaliação de todo o processo.
 
A arte de contar histórias atravessa gerações, convida a humanidade através da imaginação a refletir sobre a própria vida e transformar comportamentos desafiadores. As histórias podem ser lidas ou contadas, podem transformar ou curar, mas, para que isso aconteça, é preciso a responsabilidade e a sensibilidade para saber contá-las. 66
 
 
4 A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO PRÁTICA EDUCATIVA: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA
 
A contação de histórias é uma prática cada vez mais presente na escola. Ora se desenvolve a partir do planejamento do professor, ora a escola recebe a visita de um contador, ora ela permeia os espaços culturais (como feiras do livro). O professor, através de sua formação, tem contato com diversas possibilidades de integrar a literatura em sua aula. Muitos teóricos abordam a questão da importância dos textos literários na escolarização.
Ao considerar a contação de histórias como portadora de significados para a prática pedagógica, não se restringe o seu papel somente ao entendimento da linguagem. Preserva-se seu caráter literário, sua função de despertar a imaginação e sentimentos, assim como suas possibilidades de transcender a palavra.
A ação de contar histórias deve ser utilizada dentro do espaço escolar, não somente com seu caráter lúdico, muitas vezes exercitado em momentos estanques da prática, como a hora do conto ou da leitura, mas adentrar a sala de aula, como metodologia que enriquece a prática docente, ao mesmo tempo em que promove conhecimentos e aprendizagens múltiplas.
De acordo com prévia pesquisa bibliográfica, ficou evidente que a contação de histórias pode e deve ser usada como metodologia para o desenvolvimento dos alunos e de sua personalidade, melhorando de maneira significativa o desempenho escolar.
 
Na maioria dos casos, a Escola acaba sendo a única fonte de contato da criança com o livro e, sendo assim, é necessário estabelecer-se um compromisso maior com a qualidade e o aproveitamento da leitura como fonte de prazer. (MIGUEZ, 2000, p. 28).
 
A questão da contação de histórias como participante da práxis pedagógica não pretende de forma alguma desconfigurar sua função de transmitir beleza, sensibilidade, prazer. Aliás, acredita-se que o caráter artístico da contação de histórias pode servir de elo no processo de ensino e aprendizagem. Portanto, a contação de histórias pode auxiliar a práxis sem perder seu valor estético e artístico.
 
Muitos teóricos abordam a questão da importância dos textos literários na escolarização. BETTELHEIM (2000) fala da importante e difícil tarefa na criação das 67
 
 
crianças, a qual consiste em ajudá-las a encontrar significado na vida. Em primeiro lugar, o autor coloca o impacto dos pais nessa tarefa; e, em segundo lugar, cita a herança cultural transmitida de maneira correta: "Quando as crianças são novas, é a literatura que canaliza melhor este tipo de informação." Quanto à leitura em si, ele acrescenta: "A aquisição de habilidades, inclusive a de ler, fica destituída de valor quando o que se aprendeu a ler não acrescenta nada de importante à nossa vida". (BETTELHEIM, 2000, p. 12).
A escola, dia a dia, vem perdendo seu papel de estimuladora da literatura para seus educandos, já não é contínuo o uso de livro paradidático. As palavras de Maciel (2010) são bem oportunas para a reflexão proposta neste trabalho, já que o autor defende a ideia de que o espaço da literatura em sala de aula, além de desvelar a obra e aprimorar percepções, também é uma maneira de enriquecer o repertório discursivo dos alunos, sem ter medo da análise literária. Pois, "longe da crença ingênua de que a leitura literária dispensa aprendizagem, é preciso que se invista na análise da elaboração do texto, mesmo com leitores iniciantes ou que ainda não dominem o código escrito." (MACIEL, 2010, p. 59).
Acredita-se que é estimulando as crianças a imaginar, criar, envolver-se, que se dá um grande passo para o enriquecimento e desenvolvimento da personalidade, por isso, é de suma importância o conto; acredita-se, também, que a contação de história pode interferir positivamente para a aprendizagem significativa, pois o fantasiar e o imaginar antecedem a leitura. Utiliza-se da leitura, através da contação de histórias, como metodologia para o desenvolvimento dos sujeitos e melhoria de seu desempenho escolar, respondendo a necessidades afetivas e intelectuais pelo contato com o conteúdo simbólico das leituras trabalhadas.
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Sendo a escola um lugar de construção e reconstrução de conhecimentos, deve dar especial atenção à contação de histórias, pois ela contribui na aprendizagem escolar em todos os aspectos: cognitivo, físico, psicológico, moral ou social, proporcionando um maior desenvolvimento perceptivo no aluno. Sobre suas vantagens, foram destacadas a aprendizagem de conteúdos, a socialização, a comunicação, a criatividade e a disciplina.
 
Estabelecendo a relação entre os dados, observamos que a importância das 68
 
 
histórias na escola se deve ao fato de ela proporcionar o desenvolvimento da motricidade, do raciocínio, o fortalecimento da autoestima, além da função lúdica. Visto a relevância da contação de histórias na escola, será importante a continuidade deste estudo com novos enfoques sobre contação de histórias e suas contribuições.
 
Abstract
 
This article aims to contribute to the storytelling process of teaching and learning in early childhood education. The stories represent actual indicators for challenging situations and strengthen social ties, educational and emotional. Therefore it is necessary for teachers to use this tool for the development of the child awakening and encouraging young readers to the world of imagination.
 
Keywords: Storytelling History. Pedagogical Practice. Imagination. Education.
 
 
REFERÊNCIAS
 
ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997.
FERNANDES, M.T. O. S. Trabalhando com os gêneros do discurso. Narrar: fábula/ coleção Jacqueline Peixoto Barbosa – São Paulo: FTD, 2001 – (Coleção trabalhando com os gêneros de discurso).
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fada. 14. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano. 16. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
COELHO, Nelly Novaes. A literatura infantil: história, teoria, análise. 3. ed. São Paulo: Quíron, 1984.
COELHO, Beth. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 2001.
FRITZEN, Celdon; CABRAL, Gladir da Silva (Org.). Infância: Imaginação e Infância em debate. Campinas: Papirus, 2007. (Coleção Ágere).
GÓES, Lucia Pimentel – Introdução à literatura infantil e juvenil. 2. Ed. São Paulo: Pioneira, 1991. 69
IRMÃOS GRIMM. Quem foram os Irmãos Grimm: contos infantis. Disponível em: <http://www.bigmae.com/quem-foram-os-irmaos-grimm-contos-infantis/>. Acesso em: 08 nov. 2012.
LIMA, Renan de Moura Rodrigues; ROSA, Lúcia Regina Lucas. O uso das fábulas no ensino fundamental para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita. CIPPUS - Revista de Iniciação Científica do Unilasalle, v. 1, n. 1, maio, 2012.
MACIEL, Rildo Cosson. O espaço da literatura na sala de aula. In: APARECIDA PAIVA, Francisca; MACIEL, Rildo Cosson. (Coord.). Literatura: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação. Brasília, 2010. (Coleção explorando o ensino; v. 20). Disponível em:< http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/Formacao/2011_literatura_infantil_capa.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2014.
MIGUEZ, Fátima. Nas arte-manhas do imaginário infantil. 14. ed. Rio de Janeiro: Zeus, 2000.
PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
PEREIRA, Silvana Cristina Bergamo; HILA, Cláudia Valéria Dona. Novos olhares para o gênero fábula: uma proposta de sequencia didática para as quintas séries. UNOESTE, 2007. Disponível em: < http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_silvana_cristina_bergamo.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2014.
PERROW, Susan. Histórias curativas para comportamentos desafiadores. Tradução de Joana Maura Falavina. Antroposófica: Federação da Escolas Waldorf no Brasil. 2010.
PORTELA, Oswaldo O. A fábula. Revista Letras, v.32, 1983. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs-2.2.4/index.php/letras/article/view/19338/12634>. Acesso em: 11 Set. 2014.
RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Cultura, arte e contação de histórias. Goiânia, 2005.
SAMUWIN. Os 10 contos de fadas mais macabros de todos os tempos. 20 fev. 2009. Disponível em: <http://utilidadespublicas.wordpress.com/2009/02/20/os-10-contos-de-fada-mais-macabros-de-todos-os-tempos/>. Acesso em: 08 nov. 2012.
 
 
VIEIRA, Isabel Maria de Carvalho. O papel dos contos de fadas na construção do imaginário infantil. In: Revista criança - do professor de educação infantil,
v. 38, p. 10,2005.
 
VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler: formando leitores para a vida inteira. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.
 
Contação de histórias - o desafio da leitura literária na escola
 
 A contação de histórias na escola é um desafio e o professor de literatura infantil deve ter bastante cuidado ao escolher livros para atividades com as crianças
contação de histórias na escola requer muito cuidado por parte do professor de literatura infantil. Este, ao escolher livros para atividades com as crianças, deve se lembrar de evitar títulos que contenham ideias preconceituosas e que tenham problemas de redação, buscando também material com ilustrações de boa qualidade. No entanto, não é apenas isso, o professor se defronta com inúmeros problemas reais, como a falta de interesse dos alunos pela literatura, ou ainda a falta de incentivo dos pais.
“O que fazer com o texto literário em sala de aula funda-se, ou devia fundar-se, em uma concepção de literatura muitas vezes deixada de lado em discussões pedagógicas. Estas, de modo geral, afastam os problemas teóricos como irrelevantes ou elitistas diante da situação precária que espera o professor de literatura em uma sala de aula”, afirma a professora Maria Oliveira Cortes, do Curso Educação Infantil - Literatura Infantil e Contação de Histórias, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.
A precariedade de tal situação costuma ser resumida nos clichês e preconceitos que afloram, quando vêm à tona temas que relacionam jovem, leitura, professor, escola, literatura e similares, como sugerem as falas abaixo:
"(...) outros alunos, por não terem hábito ou gosto pela leitura, infelizmente, a maioria, só leem se obrigados. Outros ainda, a minoria, não leem nem obrigados (...)";

"(...) muitos não leem com a desculpa de que não têm tempo, sendo que para assistir à TV sempre dispõem de tempo (...)";
"(...) o nosso estudante só faz determinada atividade se exigida e bem estimulada. Do contrário, entregam-se à preguiça de ler. Mesmo porque eles acham cansativo ter de ficar parados a ler, muitas vezes, histórias que não estejam agradando (...)";

"(...) Só a leitura e o incentivo pelos bons autores poderá melhorar a redação dos alunos, cada vez mais pobre e restrita pela TV (...)".
Os textos acima poderiam ser assinados por mestres do Oiapoque ao Chuí. O que surge nas linhas e entrelinhas dos quatro depoimentos é um professor que se crê investido da função sagrada de guardião do templo: lá dentro, o texto literário, cá fora, os alunos. Na porta, ele, o mestre, sem saber se entra ou se sai.
O problema é que os rituais de iniciação propostos a quem está começando não parecem agradar: o texto literário, objeto de zelo e do culto, razão de ser do templo, é objeto de um, nem sempre discreto, mas sempre incômodo, enfado dos fiéis – infidelíssimos, aliás - que não pediram para ali estar.


 
Obrigado!
 
   
 

Literatura infantil lúdica: uma importante ferramenta para a formação de leitores

Artigo em: 24/02/2015

Fonte: http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista/572/literatura-infantil-ludica-uma-importante-ferramenta-para-a-formacao-de-leitores.html
A literatura infantil é objeto de muitas pesquisas nas últimas décadas. Alguns estudiosos tecem reflexões sobre a importância de estimular a leitura e a escrita e apontam alternativas para orientar os professores a realizar um trabalho mais sistemático e aprofundado com obras literárias voltadas às crianças. Outros discutem o papel da literatura infantil na formação de leitores. Neste texto, apresentamos algumas orientações metodológicas para garantir essa dupla função, pois queremos que a leitura na escola seja marcada por momentos lúdicos e prazerosos no contato das crianças com os textos literários, tendo como consequência o estímulo à alfabetização e ao letramento já nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
A literatura infantil sempre esteve e está presente em nossas vidas muito antes da leitura e da escrita, seja por meio das cantigas de ninar, das brincadeiras de roda ou das contações de histórias realizadas pelos familiares. Porém quando as crianças chegam à escola é que a literatura passa a ter o poder de construir uma ligação lúdica entre o mundo da imaginação, dos símbolos subjetivos, e o mundo da escrita, dos signos convencionais impostos pela cultura sistematizada.
Sabemos que a partir do momento em que a criança tem acesso ao mundo da leitura, ela passa a buscar novos textos literários, faz novas descobertas e consequentemente amplia a compreensão de si e do mundo que a cerca. Nesse cenário, professores e coordenadores pedagógicos devem atuar em sintonia, assegurando que o trabalho com a literatura infantil aconteça de forma dinâmica, por meio de práticas docentes geradoras de estímulos e capazes de influenciar de maneira significativa o desenvolvimento de habilidades orais, leitoras e escritoras. A contação diária de histórias é bastante significativa, porque proporciona um momento mágico de valor educativo sem igual na correlação destes três eixos: leitura, escrita e oralidade.
As atividades de leitura devem ocorrer desde os primeiros dias de aula, mesmo com crianças que ainda não conhecem nenhuma letra, pois, por meio da visão e da audição, elas realizam a leitura de ilustrações e acompanham a leitura do texto feita pelo professor. Nessa fase inicial, em contato com os livros, elas aprendem a manuseá-los, a reconhecer suas formas, a perceber a diagramação e iniciam suas experiências com os modos de composição textual.
Uma boa obra literária é aquela que apresenta a realidade de forma nova e criativa, deixando espaço para o leitor descobrir o que está nas entrelinhas do texto. A interação da criança com a literatura possibilita uma formação rica em aspectos lúdicos, imaginativos e simbólicos. O desenvolvimento dessa interação, com procedimentos pedagógicos adequados, leva a criança a compreender melhor o texto e seu contexto.
Com o intuito de formar leitores, a literatura especializada aconselha os professores e a escola a utilizar alguns procedimentos pedagógicos como: convívio contínuo com histórias, livros e leitores; valorização do momento da leitura; disponibilidade de um acervo variado; tempo para ler, sem interrupções; espaço físico agradável e estimulante; ambiente de segurança psicológica e de tolerância dos educadores em relação às singularidades e às dificuldades de aprendizagem de cada criança; oportunidades para que expressem, registrem e compartilhem interpretações e emoções vividas nas experiências de leitura; acesso à orientação qualificada sobre por que ler, o que ler, como ler e quando ler. Nessa perspectiva, é importante ressaltar a relevância do contato permanente das crianças com os livros, para que elas possam conviver com suas histórias desde cedo.
O trabalho com a literatura infantil deve ter como um dos pontos norteadores a preocupação em formar leitores autônomos e críticos. Isso exige dos professores um olhar atento e tenaz para as metodologias que devem ser empregadas, bem como para o material a ser utilizado (livros só com textos; livros com textos e imagens; livros só com imagens; livros com recursos audiovisuais, entre outros). É importante ressaltar que esses materiais, quando bem trabalhados, atraem bastante as crianças. Além disso, podem ser explorados em atividades de ordenação das narrativas e de (re)criação de histórias orais ou escritas.
Independentemente do tipo de livro que utilizem em sala de aula, orientamos que os professores destinem pelo menos 25 minutos diários das aulas para proporcionar a seus alunos um momento de leitura, que pode ser realizado de forma coletiva ou individual, sistematicamente, não deixando para trabalhar apenas no dia destinado a atividades de Língua Portuguesa.
Outra estratégia importante é incluir brinquedos e brincadeiras como parte da formação de alunos leitores. Ao misturar livros e brinquedos, livros e brincadeiras, a escola realiza um trabalho de sedução das crianças para a leitura, pois, à medida que o livro entra em sua vida, desde muito cedo e de forma prazerosa, desperta seu imaginário e, consequentemente, o desejo de ler. Partindo desse princípio, acreditamos que as atividades lúdicas envolvendo a leitura, realizadas diariamente pelos professores, bem como a disponibilização de livros de literatura infantil e brinquedos fazem com que os primeiros contatos com a leitura sejam agradáveis e divertidos. Dessa forma, quanto mais lúdico for o trabalho com a literatura infantil, melhor será seu impacto na formação de leitores e na aprendizagem da leitura e da escrita.
Ler histórias para as crianças é incitar o imaginário, provocar perguntas e buscar respostas, é despertar grandes e pequenas emoções como rir, chorar, sentir medo e raiva, emoções estas que vêm das histórias ouvidas e lidas. Juntos, livros, brinquedos e brincadeiras fortalecem ainda mais a construção de novos conhecimentos, favorecendo o desenvolvimento motor, social, emocional e cognitivo das crianças.
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE DE LEITORES
 
Elisangela Carboni Marafigo
 
RESUMO: O pensamento central deste trabalho foi compreender como a literatura infantil pode ser trabalhada em conjunto dentro da instituição. Tendo em vista as contribuições essenciais das(os) mesmas(os) para o desenvolvimento integral do educando. A literatura infantil é um pressuposto fundamental é algo importantíssimo para o desenvolvimento da linguagem oral precede e fundamenta o da linguagem escrita. Com isso é necessário que o professor oriente a criança, na organização do pensamento como base para toda e qualquer aprendizagem, pois a literatura torna-se recurso didático de grande aplicação e valor no processo ensino-aprendizagem e é um importante motivador para formar futuros leitores.
 
 
Palavras-chave: Literatura infantil; Ensino-aprendizagem; Futuros leitores.
 
1 INTRODUÇÃO
 
A Literatura Infantil, utilizada de modo adequado, é um instrumento de suma importância na construção do conhecimento do educando, fazendo com que ele desperte para o mundo da leitura não só como um ato de aprendizagem significativa, mas também como uma atividade prazerosa.
Além do prazer de entrar em mundo imaginário, a literatura iniciada na infância pode ser a chave para um bom aprendizado escolar.
O mundo dos livros não é apenas o "mundo" da comunicação e da linguagem em seu sentido em seu sentido amplo, mas sim um instrumento capaz de trabalhar com a emoção e a capacidade de interação humana. A criança que entra em contato com o universo da leitura tem mais facilidade para aprender e para conviver na escola.
A leitura é uma realidade interdisciplinar que, em muitas de suas manifestações está relacionada com outros modos de expressão que formam a bagagem comunicativa da criança desde seus primeiros anos, isto é, na Educação Infantil.
 
O prazer da literatura é antecedido pelo prazer da escrita, evoluindo para uma atitude de curiosidade leitora diante da vida. Por isso é importante procurar despertar o gosto pela leitura na criança desde a Educação Infantil, tornando se 5
 
 
imprescindível potenciar uma criança ativa, curiosa para que vá construindo sua imagem do mundo em interação com a realidade, realidade com adultos e com seus companheiros.
Segundo a concepção sócio-interacionista Vigotscky a criança deve ser entendida como ser social e histórico que apresenta diferenças de procedência socioeconômico, cultural, familiar, racial, de gênero, de faixa etária e que necessitam ser conhecidas respeitadas e valorizadas tendo como finalidade o desenvolvimento integral nos aspectos físico psicológico, intelectual e social contemplando a ação da família e da comunidade.
A criança aprende brincando a os conteúdos podem ser trabalhados através de histórias, brincadeiras e jogos, em atividades lúdicas, pois além de estimular a autoconfiança e a autonomia, proporciona situações de desenvolvimento da linguagem do pensamento e está criando espaços para a construção do seu conhecimento.
 
2 LITERATURA INFANTIL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
 
O contato das crianças com os livros e as histórias são essências. As crianças experimentam a escrita, por si, observando o mundo a sua volta.
O aprendizado da linguagem também faz parte do mesmo processo de compreensão dos símbolos as palavras representam todas as coisas do mundo real, e podem servir para traduzir o mundo imaginário.
 
Na criação da fala e da linguagem, brincando com essa maravilhosa capacidade de designar é como se o espírito estivesse constantemente saltando entre a matéria a e as coisas pensadas. Por de traz de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e toda metáfora são jogos de palavras. Assim ao dar expressão à vida o homem cria um outro mundo poético, ao lado da natureza. (HUIZINGA, 1988, p. 7)
 
A vida da criança é uma sucessão de experiências de aprendizagem adquirida por ela mesma. Ao chegar à instituição, ela traz consigo infinitas experiências e conhecimento acumulados, conquistados por meio da exploração visual, auditiva, jogos, brincadeiras, conversas, passeios, contatos, brinquedos, histórias que influenciam no processo de aprendizagem. 6
 
 
No processo de aprendizagem da leitura e da escrita, a criança defronta-se com um mundo cheio de atrações (letras, palavras, frases, textos, histórias) e se engajam neste uiverso muito mais facilmente se puder participar integralmente dele, e se o processo for transformado num grande ato lúdico (participativo, prazeroso) esta é a proposta, que a criança aprende brincando e usando o vocabulário do seu dia a dia de forma a tornarem o aprendizado afetivo e agradável.
Entretanto, a atividade lúdica, na busca de novos conhecimentos, exigem do educando uma ação ativa, investigativa, reflexiva, desveladora, socializadora e criativa em total oposição e passividade, submissão, alienação e reflexão, condicionamento tão frequentes nas práticas que utilizam abordagens de ensino e aprendizagem tradicionais e comportamentalista.
O desejo pela leitura admite-se a gosto por alguma coisa a partir da experimentação, do contato e da relação, assim é com a leitura, com o livro e aprender a gostar a ler, ou seja, a criança necessita deste encontro para realmente sentir-se despertada primeiramente a ouvir para enfim ler. O adulto é o primeiro mediador desse encontro.
A leitura infantil é extremamente prodigiosa em suscitar a imaginação ao mundo das aventuras.
Durante o período de desenvolvimento, a criança deve ser estimulada a sentir-se motivada em busca do interesse no conteúdo do livro e pelo treino da linguagem. O estímulo precoce é muito eficaz, tendo em vista que levam as crianças a foliar os livros, despertar o desejo de ler a praticar com maior assiduidade à narrativa de histórias e a leitura oral.
O prazer proporcionado pelas novas habilidades deve combinar-se com o interesse e necessidades das crianças.
A criança através da literatura é desafiada como ser humano a expressar seus pensamentos e opiniões, através da linguagem.
A literatura é um subsidio no qual o leitor realiza trabalho de construção de conceitos a partir de objetivos e conhecimentos.
 
Cada criança procura se assemelhar com os personagens dos contos encontrando possibilidades de descobrir o mundo imerso dos conflitos. 7
 
 
A literatura infantil é constituída em sua essência, por pressupostos lúdicos, ou seja, relativo ao mundo dos sonhos que na maioria são mágicos, levando a criança ao mundo fantástico.
 
Os brinquedos possuem outras características, de modo especial a de ser objeto portador de significados rapidamente identificados ele remete o elemento legíveis do real ou do imaginário das crianças. Neste sentido, o brinquedo é dotado de um forte valor cultural, se definirmos a cultura, como um conjunto de significações que permitem compreender determinada sociedade e cultura. (BROUGERE, 1997, p.8)
 
No enfoque, os brinquedos e as atividades lúdicas, muitas vezes foram os responsáveis pela transmissão da cultura de um povo, de uma geração para outra. Essas atividades lúdicas tem objetivos diversos usados para se divertir, outras vezes para socializar, para promover a união de grupos e, num enfoque pedagógico como um instrumento para transmitir conhecimento.
Faz-se necessário que os educadores repensem sua prática pedagógica por meio de novas lógicas mais abertas e humanas.
A educação necessita instrumentalizar as crianças de forma a tornar possível a construção de sua autonomia, responsabilidade e cooperação.
Partindo de pressupostos de que a capacidade humana à individual é relevante em determinadas situações, e nem todas as crianças respondem igualmente conforme os estímulos oferecidos.
Acredita-se que o desenvolvimento cognitivo e lúdico juntamente com a literatura pode ser trabalhada de forma concisa, podendo superar vários bloqueios já existentes, ou que aparecerão no percurso da vida escolar da criança.
A literatura é um dos aspectos mais importantes para a criança como ponto de partida para aquisição de conhecimentos, meio de comunicação e socialização.
 
Inicialmente o livro é só um brinquedo. É na presença do adulto, no momento em o mesmo leva a criança a iniciar seu relacionamento com ele (livro) é que a levará a descobrir seu verdadeiro sentido e suas múltiplas possibilidades. 8
 
 
3 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL NA FORMAÇÃO DE UMA SOCIEDADE DE LEITORES
 
A infância é o período mais adequado para haver maior concentração e preocupação no desenvolvimento da leitura, pois é necessário que se mostre à criança o que precisa ser construído por ela no âmbito do aprendizado da leitura, no qual o adulto leitor experiente tem a função de tornar possível a aprendizagem desta atividade. Para facilitar a entrada da criança no mundo da leitura e da escrita, o adulto deve ler para ela.
Abramovich (1997, p. 23) nos diz que "[...] o escutar pode ser o início da aprendizagem para se tornar leitor". Ouvir muitas e muitas histórias é importante para se integrar num universo de descobertas e de compreensão do mundo. Ouvindo histórias pode-se também sentir emoções importantes, como a raiva, a tristeza, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranquilidade. Enfim, ouvir narrativas é uma provocação para mergulhar profundamente em sentimentos, memórias e imaginações. As histórias podem fazer a criança ver o que antes não via, sentir o que não sentia e criar o que antes não criava. O mundo pode se tornar outro, como mais significados e mais compreensões.
É de responsabilidade do leitor adulto, mostrar à criança como os escritos que circulam no cotidiano podem ser utilizados a fim de que a mesma compreenda seus sentidos. A criança só é capaz de compartilhar deste mundo quando compreende o seu significado. Ela descobri a diferença entre a fala e a escrita, ambos necessários a aprendizagem inicial da leitura.
Diante de toda a complexidade do desenvolvimento da leitura e da escrita, algumas estratégias de incentivo devem ser adotadas pela sociedade em prol da evolução da aprendizagem das crianças, e além de ser um problema governamental no quesito de investimento de fundos para educação e valorização dos educadores, e também falta de incentivo familiar, assim, a escola ainda continua a ser o melhor local para se formar leitores. O que se observa é que em muitas escolas de Educação Infantil o apoio para o incentivo da leitura tem passado por grandes dificuldades. Ou faltam materiais (livros), ou profissionais engajados nessa causa. O problema já está na base escolar.
 
É importante observar se a escola tem mesmo incentivado as crianças à leitura e à escrita, de forma correta e prazerosa, ou tem vivenciado essas 9
 
 
habilidades ainda como forma de punição às diversas situações comportamentais ocorridas em sala de aula, ou ainda, simplesmente usam a leitura e escrita para cumprir com conteúdos já propostos, sem dar aberturas para que as crianças conheçam situações significativas nas quais possam se aperfeiçoarem e sentirem prazer em ler e escrever. Como diz Morais, (1991, p. 98), é nesse sentido que o espaço concretiza a história do grupo na medida em que ele agiliza muitas formas de conhecimento refletido.
 
Ler sempre representou uma das ligações mais significativas do ser humano com o mundo. Lendo reflete-se e presentifica-se na história. O homem, permanentemente, realizou uma leitura do mundo. Em paredes de cavernas ou reconhecendo-se capaz de representação. Certamente, ler é engajamento existencial.
 
Quando dizemos ler, nos referimos a todas as formas de leitura. "Lendo, nos tornamos mais humanos e sensíveis." (CAVALCANTI, 2002, p. 13)
Para que a escola venha contribuir na formação de pessoas ativas, faz-se necessário que seja aplicada uma pedagogia que valorize a formação humana, propondo às crianças situações de aprendizagem nas quais elas possam se envolver de forma dinâmica e prazerosa. O educador deve procurar estratégias para promover uma aprendizagem que se encontre intimamente à tomada de consciência da situação atual real vivida pelo educando, proporcionando-lhes momentos de sistematização e associação, fazendo com que os recursos utilizados pelos alunos sejam próprios de suas vivências, dessa forma, a leitura e a escrita, que anteriormente, não lhes faziam sentido, passam a ter significado. Freire (1983), nos diz que: "[...]é fundamental partir de que o homem é um ser de relações e não só de contatos, que está com o mundo e não apenas no mundo."
Dizer que a literatura é catarse, ou elemento de purificação apenas, é reduzi-la a conceitos demais limitados.
"A literatura é uma grande metáfora da vida do homem. Sendo assim, é sempre surpreendentemente, uma maneira nova de se apreender a existência e instituir novos universos." (CAVALCANTI, 2002, p. 12)
Aprender e ensinar novos universos, eis o desafio ao educador.
 
Para atender às novas exigências da sociedade, é necessário pensar em uma nova postura profissional para que o acesso à leitura e escrita tornem-se algo efetivo e eficaz, pois mesmo com a presença maciça e diversificada de 10
 
 
leitura e escrita nas atividades que se realizam nas escolas, vivemos às voltas ainda vendo casos de analfabetismo, evasão e repetência escolar.
Segundo MEC (2012):
 
O Brasil tem atualmente cerca de 16 milhões de analfabetos e metade deste número está concentrada em menos de 10% dos municípios do país. Para o MEC, apesar de não serem inéditos, os dados do "Mapa do Analfabetismo" são "alarmantes". No Brasil existem 16,295 milhões de pessoas incapazes de ler e escrever pelo menos um bilhete simples. Levando-se em conta o conceito de "analfabeto funcional", que inclui as pessoas com menos de quatro séries de estudo concluídas, o número salta para 33 milhões.
 
Freire (1979, p. 58) nos lembra que "[...] para ocorrer uma mudança de postura é necessário que haja compromisso em querer mudar." Não se pode permitir que a neutralidade continue permeando diante às situações que são impostas, perpetuando comportamentos manipuláveis pelo sistema educacional que castra qualquer possibilidade de desenvolvimento reflexivo, sendo o homem sujeito de sua educação e não objeto dela.
A criança está imersa, desde o nascimento, em um contexto social que a identifica enquanto ser histórico e que pode por esta ser modificado é importante superar as teses biológicas e etológicas da brincadeira que idealizam a criança e suas possibilidades educacionais.
Toda a aprendizagem é o processo sistemático da aquisição do conhecimento do ser humano se dá socialmente, com as interações que estabelece com o outro e os significados que isso lhe faz sentir. Portanto, a recuperação ou o nascimento do ato da leitura nas escolas será possível se o educador demonstra boa relação com os textos. Se o educador não for um bom leitor e o aluno não perceber o prazer na leitura por parte desse adulto, serão grandes as chances de ele nãoser um bom professor, refletindo nos pequenos leitores. A criança se desenvolve com a experiência sócio-histórica dos adultos e do mundo por eles criado.
 
Segundo esse pensamento é imprescindível que o poder público, além de equipar as bibliotecas com bons materiais a leitura, se volta ao reconhecimento do trabalho do docente brasileiro de modo que esse profissional da educação tenha condições, pelo menos satisfatórias, para ler e se atualizar, efetivando a aprendizagem da leitura como mudança social. 11
 
 
É preciso ler, é preciso ler...
E se, em vez de exigir a leitura, o professor
decidisse partilhar sua própria felicidade de ler?
A felicidade de ler? O que é isso, felicidade de ler?
(PENNAC, 1998, p. 21)
 
Outro ponto a ser valorizado na escola é a forma como a literatura é apresentada à criança. É importante que a escola dinamize e explore a literatura infantil. Quando o professor demonstra prazer em determinadas atividades, desperta também esse sentimento em seus alunos que o observam o tempo todo. O movimentar-se do professor é tão importante e valoroso no sentido de exemplo quanto às palavras que dirige aos ouvidos do grupo de crianças que se inclinam para ouvi-lo. A promoção da leitura nas escolas é de responsabilidade de todo corpo docente e não apenas de alguns professores específicos que receberam a responsabilidade de incentivar a leitura. O escritor enfatiza que não se supera uma dificuldade com ações isoladas.
O querer construir uma sociedade de leitores, vai além do sentimento do desejo, vai à atitude. Essa atitude deve ser planejada nas ações das atividades pedagógicas da escola, juntamente com todo com o corpo docente, desde atividades simples, como uma conotação de histórias à tarefas que exijam planejamentos mais elaborados. A forma que cada profissional da educação se engajar validará o sucesso dos objetivos propostos na formação de leitores.
Os interesses pelas leituras vão modificando-se conforme o desenvolvimento do leitor e de suas novas experiências, tanto de leitura quanto de vivência cotidiana. O que importa aqui é o ato de procurar na literatura o que está em seu desejo de aprender e conhecer. A própria leitura traz diversas possibilidades de interessar-se por novos conhecimentos, que antes, eram desconhecidos ou sem relevância.
 
Assim, a tarefa de fazer ver a dimensão das várias possibilidades que a leitura é capaz de trazer a qualquer um de nós é da escola e da família, utilizando-se do instrumento primordial que é o ato de ler além da decodificação de signos. A escola é a extensão da família, a escola com seu papel de ensinar e a família de educar, sendo instrumentos importantes contra a formação de leitores por obrigação. Se ambas dialogarem havendo comprometimento e apoio, certamente se formarão leitores competentes. 12
 
 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
A leitura é feita não somente por quem lê, mas pode ser dirigida a outras pessoas, que também "leem" o texto ouvindo. Os primeiros contatos das crianças com a literatura ocorrem desse modo. Os adultos leem histórias para elas. Ouvir histórias é uma forma de ler.
A diferença entre ouvir a leitura está em que a fala é produzida esponteamente, ao passo que a leitura baseada num texto escrito tem características próprias diferentes da fala espontânea.
Algumas crianças têm contato com textos que lhe são lidas, vêem livros, revistas e jornais no seu dia-a-dia.
Porém, outras não têm livros, nem jornais em casa e começam a se familiarizar com livros somente quando entram na escola, por isso é tão importante trabalhar com a literatura desde a educação infantil.
A leitura é uma ação fundamental, profilática geradora de independência emocional e cultural. Representa acesso e ascendência a posições na sociedade. Porque quem não sabe ler e escrever, mal sobrevive e capengamente fica à margem ou a mercê da sociedade.
 
Na sociedade moderna os homens se distinguem em duas categorias frente à posse sistemática e organizada do conhecimento: os que sabem e os podem dizer e agir, tomar decisões, interferir, dirigir e opinar sobre a totalidade da vida social, nos campos da cultura, do trabalho, da vida pública, da ordem jurídica, o saber se converte em instrumento do poder. Ele não cria o poder, mas liberta os canais para o seu pleno exercício, preparando os indivíduos para manejá-los com mais eficiência e competência. (RODRIGUES, 1987, p. 70)
 
É preciso que se invista culturalmente no povo desde os primeiros anos de sua vida isto é desde a Educação Infantil, pois quem sabe ler, escreve e interpretar a validade tem um código de vida na mão e com ele pode traçar sua caminhada.
 
5 REFERÊNCIAS
 
ABRAMOVICH, Fani. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997. 13
 
 
BRASIL TEM 16 MILHÕES DE ANALFABETOS. Acesso em: 30 de abr. de 2012. Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI110852-EI994,00-Brasil+tem+milhoes+de+analfabetos.html>
 
BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e cultura. São Paulo: Cortez. 1997.
CAVALCANTI, Joana. Caminhos da literatura infantil e juvenil: dinâmicas e vivências na ação. São Paulo: Paulus, 2002.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1979.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens. São Paulo : Perspectiva, 1988.
MORAIS, Regis de. Sala de aula, que espaço é esse? São Paulo: Papirus, 1991.
PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.
RODRIGUES, S. Neidson. Lições do príncipe e outras lições. São Paulo: Cortez, 1987.
VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1987
 

O USO DA LITERATURA INFANTIL NA ESCOLA COMO FORMA DE ESTÍMULO À LEITURA
 
SOUZA, Elisangela Ruiz de1
1 Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas do Vale do São Lourenço – EDUVALE.
 
2 Pós - graduada em Psicopedagogia institucional pela Faculdade a distância EAD UNICID.
3Pós - graduada em Psicopedagogia institucional pela Faculdade a distância EAD UNIC.
MUNIZ, Valdinéia C. B. Q.2
FORGIARINI, Valquiria3
RESUMO
 
 
Este trabalho intitulado "O uso da Literatura Infantil na escola como forma de estimulo à leitura", tem como principal objetivo demonstrar a importância de se trabalhar a literatura infantil para a formação de crianças leitoras, para alcançar este objetivo foi necessário um levantamento bibliográfico, sendo assim pode-se concluir que a criança que tem a oportunidade de manusear, ler, ou seja, de estar em contato com livros, principalmente durante sua infância e na escola, terá grande chance de ser uma criança leitora podendo assim obter um desenvolvimento mais completo e dificilmente apresentará problemas de aprendizagem com relação à leitura e a escrita.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura Infantil; leitura; crianças leitoras.
 
 
 
INTRODUÇÃO
 
 
A leitura é essencial para a construção da personalidade e para o desenvolvimento intelectual, ético e estético da criança como ser humano. Ao considerar que a escola tem a finalidade de provocar na criança o pleno desenvolvimento físico, intelectual e social, é de suma importância dar atenção à prática da leitura, pois é por meio dela que a criança poderá desenvolver melhor sua personalidade, melhor desenvolver sua imaginação, ter diferentes visões de mundo. A criança que cria o gosto pela leitura está sendo beneficiada em todos os aspectos de sua vida. Está aí, a relevância de se estudar de forma integrada a leitura, a literatura infantil e o desenvolvimento infantil, objeto deste trabalho. 2
 
Portanto, este trabalho tem por objetivo destacar a importância do uso da literatura infantil para a formação de crianças leitoras; utilizar a literatura infantil de uma maneira prazerosa na prática pedagógica; incentivar os professores sobre a utilização da literatura em sala de aula.
A metodologia adotada foi a bibliográfica, realizamos leitura de autores como Abramovich (1993), Vera Aguiar (2001), Marta Costa (2009), Bruno Bettelheim (1980), Jesualdo (1976), Marisa Lajolo e Regina Zilberman (1999) e o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI), para se obter um maior conhecimento sobre o assunto.
O trabalho esta dividido em partes: a primeira aborda a importância da literatura infantil para a formação de crianças leitoras, a segunda trata sobre a literatura infantil e a prática pedagógica que sugere como o educador pode trabalhar para despertar o interesse e o gosto pela leitura, finalizando com as considerações finais e as referências.
1 A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTIL PARA A FORMAÇÃO DE CRIANÇAS LEITORAS
 
 
A palavra literatura tem como significado básico a "arte de escrever" e a sua origem vem do latim, porém, a palavra literatura infantil surgiu no continente europeu em meados do século XVIII, com Charles Perrault. Segundo Marisa Lajolo e Regina Zilberman (1999, p. 15 -16), as primeiras obras publicadas visando o público infantil aparecem no mercado livreiro na primeira metade do século XVIII, antes disto apenas durante classicismo francês, no século XVII, foram escritas histórias que vieram a ser englobada como literatura também apropriada à infância.
Os livros de Charles Perrault romperam os limites literários da época e alcançaram públicos de todas as idades e lugares, surgindo assim um novo gênero da literatura, "a literatura infantil", seu primeiro livro publicado em 11 de janeiro de 1897, quase aos setenta anos, ficou conhecido como "Contos da Mamãe Gansa", tendo três histórias narrativas com os temas: O Pequeno Polegar, As Fadas e O Mestre Gato que é também conhecido como O Gato de Botas. Seus contos sempre traziam consigo um cunho moral e foi a partir disso que os contos de fadas ficaram conhecidos pelas crianças. 3
 
No Brasil a literatura infantil chegou aos fins do século passado quando a preocupação educacional se tornou uma realidade. A escola passou a exercer um papel de extrema importância na transformação da sociedade rural e urbana. É nesse contexto que os livros infantis e escolares se destacaram no âmbito educacional.
De acordo com Aguiar (2001):
A grande virada ocorreu com a publicação, em 1921, de A menina do narizinho arrebitado, por Monteiro Lobato, o qual revela a preocupação em escrever histórias para a criança numa linguagem compreensível e atraente para ela, objetivo plenamente alcançado pelo autor, cuja obra é um dos pontos mais altos da literatura infantil brasileira. Usando uma linguagem criativa, Lobato rompeu a dependência com o padrão culto: introduziu a oralidade tanto na fala das personagens como no discurso do narrador. ( (AGUIAR, 2001, p. 25).
Segundo Bettelheim (1980) a literatura, enquanto diverte a criança, possibilita também a imaginação e desenvolve o potencial crítico e reflexivo por meio da literatura.
O conto de fadas esclarece sobre si mesma, e favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em tantos níveis diferentes, e enriquece a existência da criança de tantos modos que nenhum livro pode fazer justiça á multidão e diversidade de contribuições que esses contos dão á vida da criança. (BETTELHEIM, 1980, p. 20).
A literatura infantil tem por principal finalidade encantar a criança, é a união do entretenimento e a instrução ao prazer da leitura, ela veio para educar a sensibilidade, reunindo a beleza das palavras e das imagens, levando a criança a desenvolver as suas capacidades de emoção, admiração, compreensão do ser humano e do mundo, entendimento dos problemas alheios e dos seus próprios, enriquecendo principalmente as suas experiências escolares, cidadãs e pessoais.
De acordo com Jesualdo (1978):
A literatura infantil tem a criança como principal representante, pois a representa sempre em busca de uma explicação que, mesmo quanto mais lógica, é ainda mágica. Por isso, o gosto pelo mundo sobrenatural com fadas, ogros, bruxas serve como para "dar asas à imaginação". [...]. A criança serve-se do real, justamente, para penetrar em sua fantasia. (JESUALDO, 1978, p. 25). 4
 
Por meio dela que a criança desperta uma nova relação com diferentes sentimentos e visões de mundo, adequando assim, condições para o desenvolvimento intelectual e a formação de princípios individuais para medir e codificar os próprios sentimentos e ações, ela passa a sentir mais confiança em si própria, mudando o jeito de pensar e agir, criando e dominando a sua emoção e sua imaginação. Quando manipulam um livro de Literatura Infantil ficam encantadas, pois os mesmos demonstram a sua realidade em forma de fantasia, através dos desenhos, das brincadeiras, das histórias, das músicas.
Não há dúvidas de que a Literatura Infantil é importante, em vários aspectos, para favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Quanto ao desenvolvimento cognitivo, ela proporciona às crianças, meios para desenvolver habilidades que agem como facilitadores dos processos de aprendizagem. Estas habilidades podem ser observadas no aumento do vocabulário, nas referências textuais, na interpretação de textos, na ampliação do repertório lingüístico, na reflexão, na criticidade e na criatividade. Estas habilidades propiciariam no momento de novas leituras a possibilidade do leitor fazer inferências e novas releituras, agindo, assim, como facilitadores do processo de ensino-aprendizagem não só da língua, mas também de outras disciplinas.
A literatura infantil traz uma lição de vida de forma imaginária, contribuindo para a formação da criança no processo de construção da sua personalidade. Ela é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático no trabalho da linguagem e na formação da criança, pois utilizar a literatura é trabalhar com o homem e sua personalidade.
Vale ressaltar que é através da leitura que o indivíduo vai se aperfeiçoando culturalmente na sua vida e na compreensão do mundo que o rodeia. Regina Zilberman e MAGALHÃES (1982) acreditam que:
Uma leitura lúdica e desarticulada de propósitos pedagógicos pode ser um importante instrumento para os alunos aprenderem a gostar de ler e compreenderem as diversas linguagens literárias. A literatura pode ser uma atividade lúdica quando dirigida à ficção e à poesia. (MAGALHÃES, 1982, p. 57).
Costa (2009) enfatiza ao destacar que: 5
Ler as linguagens da realidade e, especialmente, ler os livros, implica o resgate da cidadania, uma vez que conscientizam o leitor do poder de – ele também – criar sentidos para os textos que se apresentam, a cada passo do cotidiano. Acordar esse poder transforma o casulo em borboleta. (COSTA, 2009, p. 50).
 
1. 1 A literatura infantil e a prática pedagógica
 
Uma das questões fundamentais da educação é a intencionalidade, e para realizar uma boa aula, faz-se necessário o planejamento, a interação entre as várias atividades desenvolvidas e a base teórica que deve ser referenciada em diversos autores. Portanto, esses aspectos fazem parte da prática pedagógica de cada professor.
O RCNEI (1998) sugere que:
[...]. Os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com os livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará possível, trabalhando conteúdos, que privilegiam a participação dos alunos em situações de leituras, de diferentes gêneros literários, feito pelos adultos como: contos, poemas, parlendas, trava-línguas, etc, propiciando momentos de reconto de histórias conhecidas, com aproximação, às características da história original, no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do professor. (1998, vol.3, p.117-159).
 
É necessário que o educador saiba fazer uma boa relação entre a escola, a literatura e os livros.
O RCNEI apresenta a literatura como uma das atividades fundamentais no processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança. O mesmo relata que
A educação infantil, ao promover experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades associadas às quatro 6
 
competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. (RCNEI, 1998, p.117).
Nas salas de educação infantil a contação de histórias pelo educador devem ser praticadas diariamente com livros que possuem ilustrações, gravuras e os textos devem ser pequenos, pois desenvolverá na criança a capacidade de ouvir, ao acompanhar a sequência lógica dos fatos da narrativa, procurando compreender o enredo. Atividades como esta atraem, dão alegrias e ainda atendem a necessidade infantil de fantasia, encantamento e de enriquecer o vocabulário.
As histórias escolhidas devem estar ligadas às coisas que as crianças conhecem, respeitando a cultura local e ao mesmo tempo, enriquecendo suas experiências, devendo assim estimular a fantasia e imaginação, para que isso ocorra é necessário que o educador de ênfase à história, dê entonações diferentes na voz para imitar os personagens, gesticule, enfim que tente ao máximo prender a atenção da criança, estimulando-a a ouvir e participar da história.
Para que uma história realmente prenda a atenção da criança, essa história deve de fato entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas, para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas aspirações. (BETTELHEIN, 1980, p. 94).
Os livros adequados para essa faixa etária são os de borracha, de pano, de plástico, de papelão, ou seja, os que eles possam ser manuseados, levados a boca, tocados e vistos.
Abramovich (1993, p. 16), diz: "Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias. Escuta-las é o inicio da aprendizagem para ser um leitor, e ser um leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descobertas e compreensão do mundo".
Quando a criança completa seis anos de idade, ela inicia o Ensino Fundamental, nas series inicias, é quando começa a aprender a ler e a escrever, ou seja, a ser alfabetizada, e é de suma importância que tenha contato com livros de literatura infantil, pois isso a ajudará neste processo, porém o educador não pode tratar isso como uma atividade de obrigação para os educandos, esses momentos de leitura devem ser prazerosos, a criança tem que sentir gosto, ter curiosidade em manusear estes livros e o educador deve desenvolver práticas que contribuam para 7
 
despertar nas crianças o gosto pela leitura, de modo que elas irão encontrar na leitura uma fonte de prazer e divertimento.
Sendo assim é necessário que dentro do ambiente escolar o educador seja o mediador entre o educando e o livro, e para que essas situações ocorram é necessário que seja dada à possibilidade ao educando de viajar pelo mundo da fantasia e do faz de conta por meio da leitura da literatura infantil.
Segundo Marta Morais da Costa (2009, p. 52), "o investimento na formação do leitor capacita os indivíduos a melhor entenderem as relações humanas e a rede social, favorecendo maior respeito e a esperança num futuro mais digno e humano".
 
Os livros adequados para crianças que estão aprendendo a ler são livros com letras grandes e poucas palavras em cada página, já as que sabem ler, o educador deve oferecer livros para que as mesmas levem para casa, possam ler para seus pais, irmãos, destacando assim que essas ações são de incentivo à leitura.
O educador, ao trabalhar a literatura, produz na criança além de informação, instrução, o conto infantil pode dar prazer quando é bem trabalhado. Afinal, a literatura infantil é um amplo campo de estudos que exige do educador bastante conhecimento para saber adequar os contos de fadas às crianças, gerando um momento propício de encanto e estimulação para a sua imaginação.
É através da literatura, que as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação e outros, amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papéis sociais.
Algumas atividades podem ser realizadas na sala de aula e fora dela para incentivar as crianças e despertar o interesse pela leitura, dentre elas pode-se destacar a roda de leitura, onde o educador conta a história em voz alta, mostra as figuras e permite que os educandos falem, recontem a história demonstrando assim o seu ponto de vista. Os cantinhos de leitura também merecem atenção especial, é interessante que o educador crie na sala de aula um ambiente de leitura, com a exposição de vários exemplares de livros de literatura infantil, devendo assim reservar um tempo diário para os educandos pegarem, manusearem e lerem os livros. As bibliotecas das escolas devem ser ricas em livros, devem possuir variedades e o educador deve incentivar o educando a visitar e conhecer este espaço que é de grande valor dentro de uma escola. Projetos podem ser 8
 
elaborados pelos educadores de incentivo a leitura com atividades diversificadas, exposição de feira do livro, de trabalhos produzidos pelas crianças com base nas histórias trabalhadas e também trazer os pais para dentro do espaço escolar para prestigiar seus filhos, tudo isso contribui para que a criança sinta prazer em ler.
Vale ressaltar que os pais também exercem um papel muito importante para a formação de leitores, pois segundo Costa (2009).
A escola mesmo que realize um trabalho competente de formação, não conseguirá consolidar o leitor sem respaldo da sociedade que a sustenta. Na contramão da história, hoje, são as crianças que lêem ou contam histórias aos adultos. A família, embora se posicione a favor, não lê e interfere negativamente no trabalho de formação do leitor, ao privilegiar formas de lazer que, pensa ela, trazem maior prazer do que a leitura. Na verdade, somos todos responsáveis pela leitura como somos responsáveis pelo país. (COSTA, 2009, p. 50).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
 
Vivemos em um mundo globalizado e devemos preparar nossos educandos cada dia mais para serem adultos leitores, e a escola, ou seja, os educadores têm um papel fundamental quanto ao incentivo à leitura, vale ressaltar que a escola não consegue tudo sozinha, ela precisa da parceria e do auxílio dos pais, a escola e o educador apresentam o livro a seus educandos, quando eles são levados para casa é de suma importância que os pais incentivem seus filhos a lerem, pois isso os ajudará muito.
É de grande relevância que a criança veja no adulto, ou seja, que o educando veja no educador uma pessoa que goste de ler, que faz da leitura uma alegria, que lê por diversão, que conta histórias com prazer, afinal dá um sentido especial à leitura, isso faz com que despertamos em nossas crianças o gosto pela leitura.
Quando apresentamos o livro aos nossos educando podemos trabalhar com os mesmos várias coisas, dentre elas os desenhos, as gravuras, as letras, a imaginação, o mundo de faz de conta, o zelo que eles devem ter ao manusear os livros, enfim é um leque de oportunidades que deverão ser aproveitadas pelos educadores de forma sábia e prudente porque de maneira alguma podemos dar a 9
 
entender aos nossos educandos que eles devem ler por necessidade, obrigação, devemos sim mostrá-los que praticar a leitura é uma forma de conhecer o mundo, estimular a imaginação, divertir e outros.
É importante que os educadores tragam o livro para dentro da sala de aula, pois a literatura é um instrumento que permite ao educador ensinar ao aluno ler corretamente, como também permite que conduza uma interação social com a criança favorecendo na formação de um leitor crítico. Sendo assim, quanto mais cedo à criança tiver contato com os livros, perceberá o prazer que a leitura produz e maior será a probabilidade de tornar-se um adulto leitor.
REFERÊNCIAS
 
 
ABRAMOVICH, F. Literatura Infantil: gostosura e bobices. 3ed. São Paulo: Scipione, 1993.
AGUIAR, Vera Teixeira de (Coord.) Era uma vez... na escola: formando educadores para formar leitores. Belo Horizonte: Formato, 2001.
BRASIL, Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (RECNEI). Brasília: MEC/SEF, 1998.
BETTELHEIM, Bruno. A Psicanálise dos contos de fadas. Tradução de Arlene Caetano. 14 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
COSTA, Marta Morais da. Literatura Infantil. 2ed. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009.
JESUALDO. A Literatura Infantil. São Paulo: Cultrix, 1976.
LAJOLO, Marisa, ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: histórias e histórias. 6 ed. São Paulo: Ática, 1999.
ZILBERMAN, Regina; MAGALHÃES, Regina Cademartori. "Literatura Infantil": Autoritarismo e Emancipação. São Paulo: Ática, 1982
 

A Literatura e as novas tecnologias: A formação de leitores ativos em múltiplos suportes
Sirlene Cristófano (FLUP)1
1 Doutoranda em Literaturas e Culturas Românicas, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto – FLUP
 
(2010). Investigadora do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória (CITCEM).
RESUMO: Este artigo apresenta o importante diálogo e interação existentes entre a «Literatura» e as «Novas Tecnologias», no que diz respeito da formação de leitores ativos e ao favorecimento da leitura destes tipos de narrativas, as quais proporcionam o desenvolvimento psicológico saudável da criança, funcionando assim, como "portas que se abrem para determinadas verdades humanas".
Palavras-chave: Literatura; Novas tecnologias; Imaginário infantil.
 
Para refletir sobre a importância do imaginário, enquanto recurso utilizado no desenvolvimento psicológico da criança, ou seja, a utilização de narrativas conotadas com o maravilhoso, as quais poderão ajudar a superar as diferenças e as dificuldades sentidas, recorreremos a algumas teorias da Psicanálise, disciplina que, fundada por Freud, definiu-a como "um método de investigação que consiste essencialmente na evidenciação do significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasmas, delírios) ", assim como também, "ao trabalho pelo qual levantamos à consciência do doente o psíquico recalcado nele" (Laplance, 1970, p. 495).
 
Sérgio Ximenes no seu Minidicionário da Língua Portuguesa, define a palavra imaginação "como a faculdade criativa exercida pela combinação de idéias, [logo], imaginário é só o que existe na imaginação" (Ximenes, 2000, p. 509).
 
 
1. A literatura e o imaginário infantil
 
 
 
O recurso ao maravilhoso é sem dúvida, um elemento importante para o desenvolvimento psíquico e para o amadurecimento emocional da criança. O prazer e as emoções que estas narrativas proporcionam, o simbolismo implícito nas palavras, no enredo, nas ações das personagens e as "produções imaginárias" agem no inconsciente do indivíduo ajudando-o a resolver os seus conflitos interiores. A esse respeito não podemos deixar de recordar sobre a noção do «imaginário», uma das primeiras elaborações teóricas de Lacan a respeito da "fase do espelho", com a ideia de que o ego - resultado de uma noção presente 2
desde a origem dos pensamentos - da criança se constitui a partir da imagem do seu semelhante.
 
É esta a conclusão de alguns estudiosos do âmbito psicanalítico, ao declarar que, os significados simbólicos dos contos maravilhosos estão relacionados aos dilemas que o indivíduo enfrenta ao longo do seu amadurecimento emocional, o qual se processa desde a fase narcisista, em que domina o eu inconsciente.
 
 
Com o decorrer do século, cresceu a credibilidade em relação a importância e à influência dos contos de fadas, no imaginário infantil. De origem Celta, os contos de fadas surgiram como poemas que revelaram amores eternos, estranhos e até mesmo fatais. No início os contos de fadas – poemas – eram independentes, passando posteriormente à ser considerados como ciclo novelesco e idealista voltado aos valores humanos. Os contos clássicos nasceram em França, no século XVII através de Charles Perrault, para falar dos adultos. Há fontes orientais e célticas, antes do nascimento de Cristo, encontradas por estudiosos, e que, a partir da Idade Média foram denominadas como fontes europeias. Surgiram como forma de produção e organização social pré-capitalista e representam em seus personagens valores burgueses que surgiram e se consolidaram entre os séculos XVII e XIX.
Os estudiosos garantem e sublinham a importância para a criança em ouvir histórias. Estas garantem o desenvolvimento da identidade da criança, visto ser através delas que se abrem possibilidades para que elas treinem e experimentem os seus papéis na sociedade. Os contos transportam-nas para situações reais e colocam-nas dentro das aventuras narradas. Assim, as crianças constroem a sua sabedoria, desenvolvem reflexões, sentimentos e imaginação e, por outro lado, contactam com situações que só vivenciariam na vida adulta. Segundo Bruno Bettelheim, a sabedoria " é construída, passo a passo, a partir das origens mais irracionais. Só na idade adulta é que uma compreensão inteligente do sentido da experiência de cada um neste mundo se pode obter, a partir das experiências vividas" (Bettelheim, 2006, p. 09).
Para além do prazer e dos aspectos lúdicos, os contos de fadas e/ou contos maravilhosos têm um papel de grande importância simbólica, visto proporcionarem o desenvolvimento criativo e uma personalidade saudável na criança. Estes tipos de contos maravilhosos são muito importantes dado que, "o que neles parece apenas infantil, divertido ou absurdo, na verdade carregam uma significativa herança de sentidos ocultos e essenciais para a nossa vida" (Coelho, 1982, p. 09). 3
 
Os tradicionais contos de fadas despertam emoções e de forma lúdica, tratam as angústias existenciais, como por exemplo, a necessidade de ser amado, tal como no Patinho Feio. A rivalidade e a competição com a mãe bem expressas em Branca de Neve. O abandono e a solidão, em João e Maria. Os caminhos e os descaminhos no processo de humanização como podemos ver em Pinóquio. A menina provocadora que se defronta com o mundo, em Chapeuzinho Vermelho, etc.
 
 
Podemos dizer que essas narrativas projetam acontecimentos e problemas psicológicos, veiculados graças às imagens e às ações. Estas são capazes de auxiliar o leitor a compreender e aprender a lidar com o que se passa dentro de seu inconsciente o que, de outro modo, não conseguiria por meio de explicações racionais. Cada conto aborda um tema relacionado com a vida psíquica e particular da criança. Chama-se também a atenção para o fato de que os contos de fadas abordam processos psicológicos tais como: identificação, projeção, dependência infantil, ambivalência, conteúdo latente, transferência, rivalidade edípica e rivalidade fraterna, passagem do amor infantil pelo pai para o amor genital maduro, castração, entre outros. Estas narrativas transmitem à mente consciente, pré-consciente e inconsciente da criança as diversas mensagens neles embutidas.
Liana Trindade e François Laplatine (1996) afirmam que a imaginação pode ser entendida como tudo o que não é real, ou seja, um mundo oposto à realidade concreta, produtora de devaneios e de imagens que explicam e permitem a evasão fora do quotidiano.
A necessidade de compreendermos a realidade assenta na verdade, e, tal é possível, através da imaginação. Podemos dizer que o imaginário reconstrói o real e atua como uma "imaginação contraventora" do presente.
E, neste campo, a literatura é sem dúvida, uma das mais valiosas conquistas do homem, pois através dela pode conhecer-se, transmitir-se e comunicar a aventura da própria existência humana.
E, como quer que seja, os contatos que a criança estabelece esse mundo são mediados através linguagem. Esta torna-se, portanto, um fator importante para a instauração da consciência. É graças à ela que a realização social se produz, ganha vida e identidade. Jacqueline Held analisa a magia primitiva da infância e a libertação da mesma pela fantasia da linguagem. Assim a autora refere que "a linguagem antes da intervenção normativa adulta é recebida como misteriosa, multiforme e plástica. Material para formar, deformar, construir, reconstruir indefinidamente" (Held, 1980, p. 198). 4
É através da literatura infantil, qual um caminho mágico, que conduzimos a inteligência e a sensibilidade da criança, e assim, favorecemos a sua formação. Nesse campo, como não recordar o grande escritor universal e imortal, Andersen.
As solicitações do meio constituem sempre fortes apelos para a criança, os quais vão atuar como orientação nos interesses da sua vivência e da sua curiosidade intelectual. Podemos dizer que a criança é como "um «faz de conta», na fuga do quotidiano para a construção do seu mundo ideal. «Era uma vez» … é o abre-te sézamo na história da vida do homem" (Carvalho, 1982, p. 223).
Portanto, privar a criança do encanto da fantasia e do imaginário é suprimir toda a riqueza do seu mundo interior. Para que tal não aconteça é necessário saber escolher o que oferecer às crianças que lêem ou ouvem histórias, e para isto, torna-se imprescindível que o adulto conheça a literatura que melhor se identifica com elas.
Assim sendo, devemos preocupar-nos com as influências que os contos infantis exercem sobre a mente da criança e também, com as respectivas consequências que daí poderão advir quando adultas.
A criança, pelo fato de ser muito criativa, necessita de material sadio e belo para assim poder organizar o seu "imaginário" e o seu universo mágico, lugar onde ela constrói, cria e destrói, ou seja, onde realiza tudo aquilo que deseja. A criança, através do seu imaginário (que os contos infantis despertam), tem a capacidade de corrigir tudo o que considera errado. A imaginação, quando superiormente condicionada revela-se uma fonte de libertação, uma maneira eficaz de permitir e conquistar a liberdade. Revelado ao mundo oferecido através da ficção que, ao criar disponibilidades para o seu próprio conhecimento, se está a valorizar e, é através da Literatura, que ele vai criar essas disponibilidades, pois segundo Nelly Novaes Coelho, " de todas as formas de expressão de que o homem dispõe para dar forma às suas vivências e experiências (…) a Literatura é a das mais eloquentes, devido a amplitude de seus recursos expressionais" (Coelho, 1982. p. 04).
A autora ainda ressalta que a Literatura não só pode dar ao ato fugaz de viver, como também se concretiza em uma matéria formal que corresponde àquilo que distingue o homem dos demais seres vivos: a palavra e a linguagem criadora.
A ficção infantil permite à criança combinar imagens e reformulá-las com sua capacidade intuitiva e subjectiva, ou seja, a literatura faz da criança uma verdadeira poetisa. Do mesmo modo que todo o adulto tem dentro dele uma criança sufocada pela vigilância da censura. 5
A literatura infantil é pois "literatura da criança", ou seja, nela está presente uma série de imagens e diretrizes capaz de explorar o imaginário infantil da criança. Aos pensarmos nas histórias de Perrault, podemos dizer que foi exatamente com este autor que este tipo de literatura teve o seu início, visto os seus contos terem tido tanto eco nas crianças e terem se mantido até hoje como uma fonte de questionável interesse. Além de unir a estética e a didática, este escritor capta a criança em formação para a vida superior do espírito, que é um dos objetivos fundamentais da literatura infantil.
Convém salientar aqui que o importante na literatura infantil é despertar a criança para todos os aspectos desde o intelectual, ao emocional, passando pelo psicológico e pelo social, entre outros. E é através do conto infantil que se reflete toda essa complexidade. Muito embora o conto seja hoje recriado com problemáticas atuais, ele conserva as suas fontes tradicionais e é um trampolim para a formação da criança, graças à influência dos ingredientes da área do maravilhoso.
De acordo com a psicanálise, no inconsciente gera-se uma dualidade psíquica que as, pelas angústias e satisfações refletem. A interpretação torna-se assim, um processo psicológico em que o símbolo possui lugar de destaque. Deste modo se estabelece uma ponte com as ciências cognitivas, visto que a cognição pode corresponder ao tratamento de informação tendo em conta a manipulação dos símbolos.
Os símbolos são representações do inconsciente e os psicanalistas preocupam-se em não perder de vista os contos de fadas, vistos estes serem como que o prolongamento e continuidade dos antigos mitos. É que os símbolos revelam o inconsciente e o consciente, tendo estes, uma valiosa importância no nosso psíquico. Eles refletem a dualidade da alma humana, nas suas angústias, insatisfações e tristezas, mas também nos seus prazeres, nas suas alegrias, ou seja, a "ambivalência" humana. Os estudiosos deste ramo de saber afirmam, por outro lado, também que o ser humano carrega, no seu interior, todas as lembranças de ações e de imagens passadas. As existências de tais figurações no inconsciente ficaram conhecidas como "reminiscências ancestrais".
A vida da criança é muitas vezes confusa e por isso, a criança necessita de algo que lhe dê possibilidade de se compreender a ela própria e compreender o mundo complexo em que vive. Para isso, é preciso dar-lhe condições para que ela encontre um sentido coerente para os seus sentimentos e, é através dos contos de fadas, que conseguirá atingir tal feito, servindo-lhe estes de modelo. 6
Os contos maravilhosos assumem-se como uma viagem ao interior do espírito da criança e aos abismos do seu inconsciente. Neste tipo de ficção, logo de início somos lançados em acontecimentos fantásticos. Contudo, ao conduzir a criança para uma viagem ao mundo maravilhoso, o final da narrativa devolve o leitor à realidade, de forma tranquilizante.
A criança através de devaneios cria, recria e destrói usando a fantasia e, através desse jogo, liberta as tensões de seu inconsciente. E assim, os contos maravilhosos rasgam na imaginação da criança novas perspectivas que seriam impossíveis descobrir de outro modo. O conteúdo destes contos maravilhosos desperta na criança imagens que podem estruturar os seus devaneios. As crianças a que falta este tipo de material ficarão à partida, menos criativas porque os contos a auxiliam-nas a superar dificuldades.
Muitos contos modernos, destinados a crianças, evitam os problemas existenciais, mesmo quando estes sejam questões cruciais. Bruno Bettlheim adverte-nos que toda a criança necessita ter referências mesmo que seja de uma forma simbólica, o que lhe poderá fornecer elementos de como lidar com estes problemas para chegar à maturidade com um mínimo de risco.
Tanto o bem quanto o mal encontram-se onipresentes nos contos maravilhosos ao contrário do que acontece em alguns contos modernos infantis. E essa dicotomia é indispensável e aparecem em todos os contos de fadas sob a forma de algumas personagens e também de suas ações, omnipresentes na vida para ambos se encontram em cada indivíduo.
Na narrativa infantil contemporânea alguns autores estabelecem uma comunicação natural com as crianças, nomeadamente através da linguagem coloquial.
Os autores possibilitam, com naturalidade, a formação afetiva, cognitiva e emocional, da criança mas nunca a privado de utilizar a fantasia. As personagens infantis, quando agentes da narrativa, possuem o dom de desencadear uma realidade imaginária e de veicularem a revelação de seus conflitos interiores, gerando-se, deste modo uma cumplicidade com o jovem leitor.
Ao entrar no universo imaginário a criança pode dominar os seus conflitos interiores, os seus problemas emocionais e ser capaz de ultrapassar dependência infantil, caminhando assim, para uma valorização pessoal e individual. Os contos maravilhosos aparecem desta forma como " portadores de mensagens importantes para o psiquismo consciente, pré-consciente ou inconsciente, qualquer que seja o nível em que funcione (Bettelheim, 2006, p. 12). Essas histórias lidam com os problemas universais e assim falam ao ego da criança encorajando o seu desenvolvimento, além de aliviar tensões pré-conscientes ou conscientes. 7
Em suma, as literaturas maravilhosas, graças à toda uma simbologia de que fazem uso, são fortes instrumentos didáticos e de ensinamento de valores que ajudam a superar as dificuldades da vida real, pois é imperioso que se esteja preparado para enfrentar grandes dificuldades. E, neste sentido, a literatura dá também sugestões de coragem e otimismo as quais serão úteis à criança para atravessar e vencer as inevitáveis crises de crescimento.
Assim, através da intuição, a criança compreenderá que as narrativas maravilhosas, embora irreais, não são falsas, pois os fatos aí narrados assemelham-se aos que ela enfrenta no quotidiano e nas suas experiências pessoais. Desta forma, quer as narrativas de há séculos atrás, quer as mais contemporâneas, têm um importante papel a desempenhar no desenvolvimento da criança. Todas elas a auxiliam e a ajudam a encontrar o verdadeiro significado da vida.
Em resumo, numa perspectiva psicanalítica, os contos maravilhosos servem para que a criança ensaie a construção de uma personalidade sadia. Eles ajudam à sociabilização, à troca de experiências e à inserção no grupo.
 
2. As tecnologias e o imaginário infantil
 
Antes de entrarmos no âmbito da Tecnologia e também sobre a sua importante contribuição para a construção de leitores ativos e de uma personalidade sadia do indivíduo, além do favorecimento à sociabilização, por meio do imaginário, tal e qual a Literatura; chama-se a tenção para o fato de que na última década do século XX, já era dada a "decisão proferida pelos leitores e pesquisadores em geral" de que, os livros teriam seus dias contados e que estes seriam substituídos pelo CD-ROM e pela Internet. Muitos artigos de revistas faziam tal abordagem e também era tema para importantes colóquios realizados quer no âmbito da Tecnologia, quer no âmbito da Literatura, os quais discutiam tais questões: a credibilidade no término dos livros dentro de dez anos, pois havia sido criado o Windows 3.1; a substituição do suporte de papel pelo ecrã do PC, pois a confecção de livros por ser mão-de-obra cara era também pouco ecológica.
 
 
Algumas pessoas mostravam grande receio quanto ao futuro dos livros, pois além de temer ver o mundo sem os manuscritos, também não se imaginavam conseguir sobreviver sem os mesmos e sem a prazeirosa leitura que estes proporcionam. Era nítido que estas pessoas não percebiam o que estava realmente acontecendo em nível tecnológico, não compreendiam ainda o valor e a contribuição de tais recursos. Mas, existiam também pessoas que percebiam as vantagens e proporcionadas pelas novas tecnologias, como por exemplo,
aquelas utilizadas à edição de obras, com a utilização do revisor de textos, o acesso à compra rápida de livros, pois podemos encomendá-los através da Internet.
Já passaram-se décadas e podemos afirmar que os manuscritos continuam a ser publicados cada vez mais em maior número e com a contribuição dos computadores aos escritores, os quais escrevem não somente para editoras, mas também para páginas da Internet. Ao contrário do que muitos falaram ou mesmo do que inicialmente se pensou, os livros não estão com seus dias contados. As novas tecnologias deram-lhes um novo impulso, pois muitos escritores passaram a utilizar o computador pois este dá maior facilidade na revisão de textos, pesquisas, além de ter agilizado o tempo de escrita e construção do texto. A este respeito, esclarecemos aqui, que nem todos os escritores têm o mesmo ritmo de escrita e o uso do computador não é nem pode ser um argumento inteiramente válido para justificar a rapidez ou lentidão na redação de uma obra, apesar de reconhecermos que essa tecnologia facilita significantemente.
 
A partir das novas tecnologias surgiram os CD-ROMs, assim como também as páginas da Internet, como meios difusores de "obras escritas", não com o objetivo de substituir as literaturas, mas sim facilitar o acesso ao texto, além de armanezar grande quantidade do mesmo. Os CD-ROMs podem de armazenar obras completas de autores, dicionários, notas de ajuda, ensaios críticos, centenas de imagens, vídeos, música da época e jogos interactivos, coisas que seria impensável encontrar reunidas num livro em papel.
Em relação à Literatura Infantil, podemos ressaltar que uma das grandes vantagens adquiridas pelas novas tecnologias é que, ao nível gráfico, os livros para crianças melhoraram imenso, desde os formatos cada vez mais imaginativos, passando pela maior variedade dos tipos de letra, pela melhoria das ilustrações e da cor. As grandes editoras americanas e europeias disponibilizaram para o publico infantil diversos CD-ROMs, entre eles, jogos pedagógicos interativos e também várias adaptações de histórias da Literatura Infantil, na grande maioria, acompanhadas de animações gráficas, sons, voz e música. Exemplificamos com os contos fantásticos: Peter Pan (J.M.Barrie, Peter pan, Electronic Arts, 1994) e Pedro e o Lobo (Chuck Jones, Peter and the Wolf, Time Warner Interactive, 1994).
Chama-se também a atenção para o fato de que, na Internet inúmeras páginas são destinadas à literatura infantil, com uma qualidade eficaz, o que justifica a sua existência e ao grande número de procura pelos sites. Para além disso, surgem também páginas criadas pelos próprios pais ou até mesmo pelas crianças que registram seus heróis, autores e histórias 9
preferidas. Os pedagogos, educadores também encontram espaços na Internet, na qual deixam suas reflexões e por meio dos links fazem contatos com outras páginas da mesma área.
Restará apresentarmos, por fim, algumas dessas páginas da Internet dedicadas ao imaginário infantil: http://www.ukchildrensbooks.co.uk/, a qual podemos caracterizá-la como uma das mais completas dentro do universo da língua inglesa, voltada ao público infantil, denominada UK Children’s Books. Outra página dedicada à edição eletrônica de literatura infantil é também a Grandpa Tucker's Rhymes and Tales, http://www.night.net/tucker/, reconhecida pela sua qualidade na apresentação e conteúdo, além por conter histórias rimadas, canções acompanhadas de muito colorido. Após estes esclarecimentos, é necessário esclarecer que o autor destes textos Bob Tucker é também autor de livros em papel. A este propósito, não podemos esquecer que, muitos dos autores infantil tradicionais, entre eles, Michael Lawrence e Jane Yolan apostam na Internet para divulgar os seus trabalhos e até mesmo publicá-los.
Na Europa, precisamente em Portugal este tipo de recurso, de facilitador no âmbito das tecnologias voltadas ao imaginário infantil é bastante escasso. Em Portugal não há sequer nenhuma página voltada à literatura infantil, a qual possamos comparar em quantidade e qualidade de informação, com as quais aqui já citamos. O que podemos dizer é que existem um pequeno número de páginas com informações pouco relevantes. Dentre elas, podemos destacar a, http://www.querido.org/guidaq/ denominada de Escritores de Sonho(s), ativada em 2000, contendo informações sobre autores como: Adolfo Simões Müller, Ana de Castro Osório, Ilse Losa, José de Lemos, Leonel Neves, Luísa Ducla Soares, Maria Keil, Maria Lamas, Matilde Rosa Araújo, entre outros. Já no Brasil, não só em qualidade, mas também em quantidade, podemos encontrar um vasto número de páginas dedicadas ao imaginário infantil, entre elas, Doce Letra, classificada como sendo uma das páginas mais completas em língua portuguesa.
A referida página, além de divulgar novas edições de Literatura Infantil, também possibilita o acesso à dowload, sem custo algum, de livros integrais em formato digital - o qual tecnicamente denominamos Electronic-books - assim como também de artigos, entrevistas, lista de autores e obras, todos relacionados com a Literatura Infantil. Um dos livros em formato digital disponível é De Tudo um Pouco, classificada como uma obra criativa e interessante, não menos rico em cores e qualidade, assim como Babel, um Conto de Natal, de Roseana Murray. Ambas se apresentam em formato Microsoft Reader e Adobe 10
Acrobat Reader, que contém disposição gráfica semelhantes às páginas de um livro, porém não apresentadas em papel, mas sim, como um ficheiro binário. Dedicada totalmente à Literatura Infantil, uma das seções é formada pelos itens: Origens; Importância dos livros; consciência do mundo; Tipos de textos infantis; Maravilhoso; e Autores, entre eles, Perrault, Hans Cristian Andersen e o imortal Monteiro Lobato.
 
Na página de entrada é apresentada textos que refletem sobre a importância deste tipo de literatura e também sobre a problemática dos mesmos. À este assunto, esclarecemos a difícil a tarefa de selecionar um livro infantil de boa qualidade, visto existir uma vasta publicação, sem a preocupação do conteúdo em si, mas sim, no lucro económico que as editoras podem ter com os livros infantis. Essa página, a principal, apresenta ainda uma citação de Daniel Pennac, a qual diz:
 
[…] Excelentíssimas crianças,
Se eu fosse vocês, a primeira coisa que pediria à professora ao entrar em sala de aula, pela manhã, seria: "Professora, leia uma história para nós!" Não existe melhor maneira de começar um dia de trabalho! E no final do dia, quando a noite chega, meu pedido ao adulto mais próximo seria: "Por favor, conte uma história para mim!" Não existe melhor maneira para escorregar nos lençóis da noite! Mais tarde, quando vocês já forem grandes, lerão para outras crianças aquelas mesmas histórias. Desde que o mundo é mundo e que as crianças crescem, todas estas histórias escritas e lidas têm um nome muito bonito: literatura. (PENAC, Proler. 29/08/99)
 
A Janela de Estórias - http://caracol.imaginario.com/estorias/ - outra página brasileira, apresenta fábulas, contos de fadas, lendas, contos maravilhosos, entre outros. Nessa página, podemos encontrar O Peixinho de Ouro, além de A Princesa da Lua,de Lúcia Hiratsuka retirados do CD de histórias Musashi…Ima. Podemos encontrar algumas fábulas brasileiras na seção de fábulas, como A Raposa e o Cancão e O Senhor Bicho Folhas, sendo este, narrado através de voz. Pode-se classificar a página como sendo de ótima qualidade, bom gosto gráfico, na qual todos os textos são apresentados com ilustração, música e vozes.
Outra página, assinada pela autora Angela Lago - http://www.angela-lago.com.br/ - denominada Ciber-Espacinho, além dos livros da autora - A Novela da Panela, Indo não sei onde buscar não sei o quê, A História de um Vaso de Amor-Perfeito, Chiquita Bacana e as Outras Pequetitas - são divulgados também, rimas infantis, adivinhas e um jogo interativo acompanhados com desenhos e animações À parte, noutra seção, autora apresenta seus textos que refletem sobre o seu trabalho como autora de Literatura Infantil. Exemplificando, por meio do texto O computador e o livro, a autora ressalta que, 11
[…] a informática certamente favorece algumas experimentações na área do projecto visual, e facilita barbaramente todo o trabalho. Mas, para o livro, talvez seja só mais um instrumento: não revoluciona a linguagem. A revolução do computador está acontecendo (ou deve acontecer, ou será que já aconteceu?) no próprio computador. Mais especificamente, na Internet. E talvez o seu reflexo no livro seja, comparativamente, muito ténue. ( LAGO. BH, jun, 1997)
A referida autora deixa claro que, a Internet tornou-se numa grande livraria completa, onde podemos encontrar qualquer obra que se procure. Mas, a autora também chama a atenção para o fato de existir o excesso de informação. Nesse sentido, Ângela Rego afirma que "O Cyber-monstro é enorme e com muitas cabeças. Num conto, seria o terror absoluto: não conseguimos enxergar onde começa ou termina". Contudo, a autora conclui seu texto ressaltando que "o computador tem sido um bom companheiro. E é sempre mais leve e descompromissado trabalhar com ele" (Lago, BH, jun/97).
Considerações finais
A Literatura infantil foi e sempre será um dos recursos mais ricos e importantes destinados ao público infantil. As histórias ao doarem verdadeiras emoções e prazer disponibilizam ao pequeno leitor o simbolismo, que subjacente nas narrativas e nas vivencias de suas personagens, age no seu inconsciente e atua lentamente contribuindo para a resolução dos conflitos interiores.
Os problemas, vivenciados não somente pelos personagens, mas também por tantas outras crianças, desencadeiam introspecção que necessita de reflexão em torno dos fatos e sendo assim, também indispensável para uma proposta inclusiva.
Muitas crianças poderão se reconhecerem ao se defrontarem com uma personagem que contém os mesmos conflitos e problemas do seu quotidiano. Tais experiências vivenciadas e identificadas pelo leitor apresentam a oportunidade de a Literatura Infantil contribuir com a inclusão. A narrativa por meio do lúdico desconstrói conceitos difundidos no meio social, transgredindo normas e valores, inclusive sobre qualquer preconceito. O argumento do texto literário, que também é comunicativo e criativo, convence a todos os leitores, de maneira que ter seus desejos, é algo normal e aceitável, deixando de ser motivo para vergonha ou discriminação e exclusão do outro.
Assim, os pequenos leitores podem usufruir de um aprendizado de que, há sempre outra maneira de encarar uma situação. Portanto, ocorrem mudanças na auto-estima da criança que se sente apontada como a única diferente, com seus medos, vergonhas e 12
angústias. A criança demonstra um enorme domínio emocional com a narrativa literária, sendo aquele momento de leitura conveniente para relembrar de seus desejos, angústias, desafios e sofrida discriminação e ao vivenciar emoções relacionadas às suas experiências do quotidiano.
Para além disso, podemos dizer que, não importa se o leitor mirim utiliza o manuscrito ou as tecnologias para explorar o seu imaginário, mas o importante mesmo, é que oferecê-las leituras com rico contéudo. Entendemos que a leitura deste tipo de literatura, tanto no ecrã, como no "objeto livro", representa um envolvimento intelectual sensorial e emotivo que ocasionam sentimentos como o medo, desejos, confiança e reflexão. É através da linguagem criativa e bem-humorada, por meio das tecnologias e/ou livros infantis que se transporta para a reflexão individual. E assim, a criança leitora, ao refazer conceitos, liberta-se de angústias, medo, constrangimentos, preconceitos e magia e encantamento cumpriu seu papel.
ABSTRACT: This article presents the important dialogue and interaction between the «Literature» and «New Technologies», with respect to the advantage of reading these types of narratives, which provide the child's healthy psychological development, functioning well, as "doors that open to certain human truths."
Key-words: Literature; New Technologies; Imaginary Infant.
Bibliografia
BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Lisboa: Editora Bertrand, 2006.
CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. Literatura Infantil: Estudos. São Paulo: Editora Edart, 1982.
 
COELHO, Nelly Novaes. A Literatura Infantil: História, Teoria, Análise. São Paulo: Editora Global, 1982.
 
 
HELD, Jacqueline. O Imaginário no Poder: as crianças e a literatura fantástica. São Paulo: Ed. Summus, 1980.
LAPLANCE, Jones. Vocabulário da Psicanálise. Lisboa: Moraes Editores, 1970
LAPLATINE, François; TRINDADE, Liana. O que é imaginário? Col. Primeiros Passos, São Paulo: Editora Brasiliense, 1996. 13
XIMENES, Sérgio. Minidicionário da Língua Portuguesa. 2ºed., São Paulo: Ediouro, 2000.
Webgrafia
http://www.angela-lago.com.br/
http://caracol.imaginario.com/estorias/
http://www.night.net/tucker/
http://www.querido.org/guidaq/
 
 
 

Postado por: Rosineide Felix 

                        Sandra Rodrigues

 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.